Seria muito bom se o catálogo da Netflix fosse mundial — ou seja, se o mesmo conteúdo disponível nos EUA fosse acessível para quem mora no Brasil. Até existem meios de ter todo o acervo de séries, filmes e documentários da Netflix dos EUA aqui, mas não é um método oficial. No futuro, se essa decisão depender do CEO da empresa, Reed Hastings, o catálogo da Netflix vai ser unificado. O problema é que, bem, isso não depende só dele.
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A Netflix está chegando na Austrália, e nossos colegas do Gizmodo Australia bateram um longo papo com Hastings. Ele falou sobre diversos pontos interessantes, mas sua posição em relação ao catálogo é de longe o mais bacana de tudo isso.
Hastings sabe que as pessoas usam VPN para acessar o acervo da Netflix de outros países, mas isso não o incomoda muito — mesmo que, sob pressão de estúdios, o serviço tenha passado a impedir o acesso ao catálogo americano via VPN.
“A questão do VPN é um pequeno asterisco em comparação com a pirataria. […] A pirataria é um problema ao redor do mundo. O cenário VPN envolve alguém que quer pagar, mas não pode. A solução básica para a Netflix é se tornar global e ter o mesmo conteúdo em todas as partes do mundo para não haver incentivo [para o uso de VPN]. E assim poderemos trabalhar mais na questão mais importante que é a pirataria”.
Bem legal ele ter falado isso, mas, por mais que a vontade da Netflix seja de disponibilizar as mesmas coisas para todas as pessoas do mundo (ao menos nos países em que o serviço está instalado), não podemos dizer que os detentores de conteúdo pensam da mesma forma. Quer dizer, não é como se alguns estúdios simplesmente se recusassem a oferecer um filme para determinado país. É bem mais difícil do que parece — a Netflix negocia o conteúdo a ser oferecido em cada país com as empresas que possuem os direitos em cada um desses países. É uma negociação complicada, e por isso nem sempre é possível que um filme ou série de TV esteja em todas as versões da Netflix espalhadas pelo globo.
Entre outras questões interessantes abordadas por Hastings durante a entrevista — que também teve bastante espaço para particularidades do mercado australiano — o executivo falou sobre a mudança de comportamento causada pelos serviços por streaming:
As pessoas tiveram 50 anos de TV linear e programas às 20h00. Para um programa de TV, por que ele não passa quando você quer assistir? É como mudar de telefone fixo para celular — chegaram à ideia de que você pode fazer ligações enquanto está dirigindo. É uma ideia radical! Agora é algo onipresente, e as linhas fixas estão perdendo força. Nós estamos passando por mais uma dessas grandes transformações.
Com suas séries originais premiadas, a Netflix criou uma nova forma de consumo de conteúdo — as temporadas de House of Cards, por exemplo, são colocadas no ar de uma vez só, e os clientes do serviço podem escolher quando vão ver cada episódio. Podem assistir a todos de uma vez, ou então deixar para ver um por dia. Talvez só no fim de semana. A escolha é sua: nada mais de ter que estar sentado na frente da TV toda semana no mesmo horário para poder acompanhar novos episódios. [Gizmodo Australia]
Foto via Gizmodo Australia
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