Um desenvolvedor americano descobriu que, mesmo com o crescente número de ataque às plataformas móveis, não é necessário que um programa seja instalado no celular para que dados de usuários sejam capturados e enviados para um servidor remoto. Ele revelou recentemente o CarrierIQ, programa que executa essa função e que está rodando secretamente em quase todos os aparelhos das mais variadas plataformas, incluindo Android, iOS e aparelhos Nokia e BlackBerry.
A descoberta foi feita por Trevor Eckhart em outubro, que foi quando o primeiro vídeo que ele fez entrou no ar. A empresa criadora do programa, que também leva o nome CarrierIQ, tentou processá-lo na época para impedir a divulgação das informações que ele obteve. Obviamente a tática foi tão eficaz quanto tentar apagar uma fogueira com um galão de gasolina e por isso, depois de uma ajuda legal da EFF, ele publicou um novo vídeo essa semana demonstrando como o software age nos Androids.
São 17 minutos de vídeo com detalhes minuciosos, mas eis um resumo para quem não tiver com muito tempo: o CarrierIQ é um programa que captura todas as ações executadas no Android, desde números discados, sites acessados a até mensagens de texto e também informações enviadas por conexões consideradas seguras, com protocolo HTTPS. Ele consegue gravar essas informações em conexões criptografadas por que fica na camada entre os aplicativos e o usuário.
Para onde vão esses dados? Ninguém sabe. Trevor mostrou que eles são capturados e enviados a um servidor da CarrierIQ, mas não sabemos quais pessoas ou empresas têm acesso à eles. De fato não é possível saber sequer quais dados são enviados, embora todos eles sejam capturados pelo programa. Em resposta à essa descoberta, a CarrierIQ diz (PDF) que vende o seu programa às operadoras para que elas forneçam uma experiência melhor ao usuário e que não grava dados do aparelho. Mas o vídeo mostra que isso claramente não é verdade.
Não são apenas Androids. Trevor afirma que aparelhos BlackBerry e Nokias com SymbianOS também têm o CarrierIQ embutido, embora não tenha sido encontradas evidências disso ainda. Quando soube da afirmação, no entanto, a assessoria de imprensa da Nokia nos EUA respondeu ao Gizmodo dizendo que seus aparelhos são vendidos sem o programa, então temos talvez uma divergência de informações aí. A RIM, fabricante do BlackBerry, não declarou nada sobre o assunto ainda.
Além disso, o desenvolvedor Grant Paul, conhecido na área de jailbreak para dispositivos iOS, disse em seu blog (valeu, Scott!) que todas as versões do iOS também contam com uma versão própria do CarrierIQ. Mas diferente do que acontece nos Androids, ele parece gravar menos dados e parece ser desativado quando a ferramenta de diagnósticos está desligada. O desenvolvedor também afirma que o Windows Phone parece ser a única plataforma que não vem com esse software embutido. Sim, tem muitas suposições nesse parágrafo, mas é o que temos quando não há dados concretos ou evidência factual.
Como desativá-lo? Não é possível, ao menos no sistema do Google. A menos que você instale uma ROM customizada no Android e que não contenha esse programa. O CarrierIQ é um processo que roda em uma camada tão profunda do sistema que é impossível até forçar sua parada. Ele não estaria, entretanto, em todos os Androids: segundo o que afirma uma fonte anônima ao site The Verge, os aparelhos da linha Nexus e o Xoom original foram desenvolvidos como modelos “carro-chefe” do Android e por isso não contém esse software.
Fato é que o CarrierIQ grava uma quantidade assustadora de dados sem a permissão explícita dos usuários e os envia a um servidor de maneira que não há como evitar. E se isso não é algo preocupante, não sei o que é.
Com informações: Wired.
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