Privacidade na rede é um assunto complicado. Em alguns casos, queremos mantê-la, em outros, ficamos felizes que a privacidade de outrem tenha sido invadida, em especial se ele for um criminoso. Isso fica mais fácil de compreender com o caso de John Henry Skillern, um norte-americano de 41 anos que acaba de ser preso por posse e divulgação de material de pedofilia.
John enviou algumas mensagens através do Gmail que continham fotos de abuso de crianças. Esse conteúdo foi detectado pelo Google, que acionou a justiça para cuidar do caso. A polícia encontrou ainda mais materiais de pedofilia na casa do acusado, que foi então preso e vai responder processo por posse e promoção de pornografia infantil.
Essa técnica de análise dos dados sem que seja preciso que alguém fique ‘lendo’ os e-mails é conhecida como ‘hashing’, e funciona como um rastreador: ao ser detectada uma informação considerada danosa, um alarme é acionado pelo sistema, indicando o problema. Muito útil para pegar criminosos como John, mas que faz com que se pense um pouco mais sobre o quanto de ‘privacidade’ realmente temos, e o quanto a transmissão de dados através de serviços dessas empresas pode acabar incriminando alguém.
“Nosso negócio é fazer a informação ser o mais acessível possível, mas existem certas ‘informações’ que não deveriam ser criadas ou encontradas”,
argumenta uma postagem do Google que explica a sua metodologia com casos de pedofilia encontrados no seu ecossistema.
Provavelmente considerando essa informação do blog, dada em 2013, como suficiente, o Google não comentou o ocorrido com John. Ainda que as empresas não tenham o costume de serem 100% transparentes sobre suas práticas de monitoramento, é importante que as pessoas tenham ciência de que as empresas realmente ‘escaneiam’ os conteúdos que são trocados pelas suas ferramentas. A dúvida fica sobre quais dessas informações acionam alarmes internos que podem ser encaminhados para a justiça local, e quantos dos seus produtos atuais são efetivamente monitorados (por exemplo, além do email, será que o Google Drive também é vigiado?).
Em todo caso, é uma prova de que a internet já não é mais aquela terra sem lei de antigamente, e que é bom tomar cuidado com o que você compartilha.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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