Em 2009, dez fabricantes de celular se uniram para adotar o microUSB como padrão de carregamento na União Europeia. Isso teve um impacto no mundo inteiro: é por isso que você pode carregar diversos smartphones ou tablets com o mesmo cabo. Agora, seis anos depois, dois projetos no Congresso querem que isso vire lei no Brasil.
>>> É correto usar o mesmo carregador para vários dispositivos?
Segundo o blog do Fernando Rodrigues, o projeto de lei 32/2015 exige que todo celular tenha um “padrão único de interface para carregadores”, sem dizer qual.
O projeto quer acrescentar três artigos à lei que regulamenta serviços de telecomunicações no Brasil:
- a Anatel vai escolher qual será o padrão único para os celulares;
- celulares só poderão ser fabricados e vendidos no Brasil com esse padrão;
- se alguém fabricar ou vender celulares com outro padrão, a multa será de até um milhão de reais.
Vale lembrar que isso não é lei, é um projeto de lei: ainda precisa ser aprovado por comissões da Câmara dos Deputados, pelo Senado e pela presidente. Por isso, o projeto precisa de uma justificativa, resumida no trecho a seguir:
… o preço dos equipamentos também acabará por diminuir, uma vez que os terminais terão interfaces padronizadas, que serão produzidas em larga escala. Da mesma forma, o preço dos carregadores também diminuirá e os usuários poderão adquiri-los de qualquer fornecedor, incentivando uma saudável concorrência.
Esses são argumentos que talvez fizessem sentido há seis anos. Você realmente acha que o preço dos carregadores vai diminuir, agora que quase todos usam o microUSB?
E eles nem mencionaram o impacto ecológico, um dos principais argumentos na União Europeia: você não terá que jogar fora carregadores velhos e incompatíveis com gadgets novos.
Qual padrão?
Este é um projeto curioso, por dois motivos. Primeiro, quer cimentar em lei o que já é uma realidade para a maioria dos dispositivos. A única empresa que realmente se recusa a adotar o microUSB é a Apple, que vende adaptadores para tanto.
Em segundo lugar, a lei chega em um momento no qual estamos transitando do microUSB para o promissor USB Type-C, que é reversível e permite oferecer até 100 W de energia – além de permitir transferências de dados mais rápidas.