O primeiro dia de El Ojo de Iberoamérica, aqui em Buenos Aires, começou chuvoso, o que não impediu o público de prestigiar o festival – teve gente tão determinada que chegou com os cabelos pingando aqui na área de conferências do hotel Hilton.
Abrindo a programação deste primeiro dia, Pablo del Campo (Saatchi & Saatchi) defendeu que as campanhas latinas tendem a ser mais profundas e provocativas, quando comparadas com o restante do mundo.
Para provar seu ponto, Pablo mostrou a campanha “Casi Idênticos” para beldent, que tenta oferecer um viés científico para a imagem positiva causada pelo chiclete. Pablo argumentou que projetos desse tipo tendem a ser bem mais profundos que campanhas que simplesmente reforçam o conceito de uma marca.
Mesmo que seja tênue a linha entre polêmica e ofensiva, o principal é passar uma boa história e envolver a audiência, como é o caso da paródia de “I will survive” feita para a VH1.
Na sequência, Luis Dias Silva (FCB) argumentou sobre a grande vantagem de contar historias verdadeiras, resolvendo problemas reais, ao invés de fazer uma ficção publicitária. Para ele, contar historias verídicas ajuda a fazer a marca tornar-se um herói para uma localidade. Ele ilustrou isso com a campanha da UTEC, que oferecia agua para uma região ao transformar umidade do ar em água.
O importante, segundo Luis, é que as pessoas sintam uma conexão com a história contada. Vários dos cases mostrados por ele evidenciavam o uso de tecnologia não como fim, mas como um meio para atingir um objetivo, como é o caso do brasileiro Speaking Exchange, que conecta jovens que estão aprendendo inglês com idosos americanos. “Investir muito dinheiro em mídia não eh necessário. É melhor investir em uma historia bem contada”, conclui.
A apresentação de Barry Wacksman (R/GA) complementou as falas de seus colegas anteriores, frisando que é preciso ser útil para a audiência. Ele ressalta a inportância de acompanhar a cultura do momento. “Isso é sim um pouco fora da zona de conforto das marcas, e felizmente foi exatamente isso que a Beats [cliente da R/GA] nos pediu. Somos muito sortudos”, disse ele, em entrevista ao B9.
Finalizando as conferências do dia, Rob Schwartz (TBWA) mandou uma bem pesada: a publicidade, ao menos como a conhecemos hoje, morreu.
I ❤️advertising, but it is dead as we know it. – Rob Schwartz, da TBWA aqui no El Ojo.
A photo posted by B9 (@brains9) on Nov 11, 2014 at 12:41pm PST
Para ele, a próxima etapa do setor é trabalhar com programação, consistentemente produzindo conteúdo de qualidade. “Fazemos algo, conseguimos um milhão de views, e seguimos para a próxima”, explica ele sobre a necessidade de estar sempre produzindo algo, ao invés de fazer poucas interações de imenso sucesso.
“Desenvolva e contrate novos talentos, pense em histórias, não em anúncios”, provocou ele, apostando na contratação não de publicitários apenas, mas de stunt makers e de produtores de vídeos rápidos, baratos e de alta qualidade.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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