O último dia de El Ojo de Iberoamérica, aqui em Buenos Aires, foi coroado com uma chuva insistente, que persistiu por todo o dia. Antes do resultado das mais badaladas premiações, os palestrantes focaram na necessidade de adaptação aos novos comportamentos da audiência para fazer uma publicidade mais eficiente, permitindo que inclusive a “falha” possa fazer parte desse processo.
Gustavo Buchbinder (WebAr Interactive) lembrou que é preciso se esmerar em buscar novos jeitos de ver uma mesma situação, não se restringindo a modelos já comprovadamente eficientes (como mídias de massa) e arriscando também em produções focadas em novas mídias, como Facebook e YouTube.
Assim como alguns conferencistas anteriores, Tham Khai Meng insistiu no “contar boas histórias” e ter a ousadia de testar e tentar como uma das chaves do sucesso da Ogilvy&Mather nos últimos anos. A coragem foi destacada por ele como um dos principais recursos que uma agência precisa desenvolver entre sua equipe – considerando que a agência foi considerada a melhor em Cannes consecutivamente durante os últimos 3 anos, vale levar em consideração o conselho de Meng, que relembrou o empresário da banda Sex Pistols: às vezes é preciso falhar terrivelmente antes de chegar ao sucesso.
Seguindo nessa mesma toada, bem parecida com a temática de Chacho Puebla no dia anterior, Marcelo Reis (Leo Burnett Tailor Made) também defendeu que é preciso ter a coragem de errar de vez em quando para uma hora acertar, usando os deslizes e escorregões como ferramentas de aprendizado. Assim como Chacho, Marcelo também colocou na roda algumas ideias “não tão bem sucedidas” – como a campanha “doe a sua voz” para a ABTO – evidenciando que para ser capaz de fazer uma campanha tão sensacional como o enterro do Bentley do Chiquinho Scarpa, é preciso se autorizar também a arriscar com ideias que podem não dar tão certo assim.
Com o nobre propósito de reconhecer e destacar a comunicação e a publicidade iberoamericana, o El Ojo merecia até um tanto mais de participação brasileira. Apesar de estarmos entre os países mais premiados do festival, a vibe local é muito mais hispânica. Prefiro pensar que foi um timing complicado – concorrer com o principal feriado do segundo semestre no Brasil não deve ter sido fácil – e que em 2015 o El Ojo possa contar com ainda mais conferencistas e jurados brasileiros.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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