O espírito natalino também acontece no mundo da música. Todo ano, nesta época, é costumeiro o lançamento de singles especiais de Natal ao redor do mundo. Geralmente aparecem sob o (nobre) pretexto de levantar fundos para alguma causa humanitária – e quando isso acontece, tanto melhor – ou então são só artistas querendo extravazar sua criatividade (ou ganância) para arrematar mais algumas centenas de dólares com a venda do single sazonal.
De uma maneira ou de outra, existem singles natalinos que valem muito a pena mesmo depois que as festas se acabam. Um dos exemplos mais recentes da safra imperdível é a música Don’t Shoot Me Santa, do Killers, que foi lançada no Natal de 2007 e é, fácil, uma das melhores coisas que a banda já fez até hoje.
Voltando um pouco no tempo, lá para o natal de 1984, o incrível Bob Geldof compôs (em parceria com Midge Ure) o single Natalino Do They Know It’s Christmas?, com o objetivo de arrecadar fundos para a fome na Etiópia. A música fez tanto sucesso, mas tanto sucesso que é, até hoje, um dos singles mais vendidos da história do Reino Unido.
Outros artistas não têm a mesma sorte ou o mesmo bom gosto, como o George Michael na época do Wham com sua Last Christmas ou a Mariah Carey e seu risível álbum Merry Christmas de 1994 totalmente dedicado ao natal ou, claro, a Simone destruindo a música do John Lennon. (só para citar três)
Pois neste ano está acontecendo mais uma tentativa de mega-hit-single de Natal, e vem da Inglaterra.
Começa bem, pois a causa é nobre: levantar fundos para ajudar as famílias que perderam entes queridos no desastre de Hillsborough de 1989, onde 96 pessoas morreram esmagadas e quase 800 ficaram feridas no estádio de futebol de Hillsborough, em Sheffield, no jogo Liverpool X Nottingham Forest.
O single é um cover do clássico He Ain’t Heavy, He’s My Brother, do The Hollies, feita por The Justice Collective. E a mega produção conta com figuras do quilate de Paul McCartney, Mick Jones (The Clash), Peter Hooton, Robbie Williams e muitos outros pesos pesados do pop.
Com um arranjo sobrecarregado de firulas, orquestra sinfônica, performances vocais quase teatrais no melhor estilo We Are The World e até um coral, fica difícil distinguir de que lado o single está, mediante a tênue linha que separa o chique do brega.
De qualquer maneira, vale ouvir e ajudar a causa.
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