Hordas de crianças se dirigiram loucamente como uma nuvem de gafanhotos para o Festival de Engenharia e Ciência dos EUA. A atração principal: a cabine da Lockheed Martin, com um cockpit falso de um F-22 e um simulador de voo da Orion. Lá, grandes armas virtuais provocaram um misto de reações nas crianças de 7 anos. Alguma apatia. Uns gritinhos de “Acerta ele! Pega ele!” E um surpreendente desejo de destruir a capital dos Estados Unidos.
O cockpit de demonstração do F-22
O maior chamariz ao festival em Washington DC era a promessa de pular dentro do cockpit de um F-22. Ou, pelo menos, pular em algo que se parece um pouco com o cockpit de um F-22. Você imagina que todos iriam querer. Mas na fila para entrar no cockpit do F-22 estavam cerca de 4 ou 5 crianças. Isso foi estranho. Nos outros lugares, crianças estavam chutando e gritando e ansiosas para ver coisas como ímãs e arminhas de água. Crianças bobas.
Às crianças que entraram de fato no Cockpit do F-22, ficou claro que se tratava de um simulador. Nada de hiperatividade aqui. Elas pularam para dentro, seguraram o manche e focaram toda a sua atenção para a tela.
Na medida em que o piloto da Lockheed Martin explicava o que cada botão fazia, as crianças concordavam com a cabeça em silêncio, esperando a sua vez de entrar. O piloto colocou todas as crianças no mesmo cenário: um avião inimigo, dois aviões inimigos e quatro aviões inimigos. Era como um jogo pequeno e engraçadinho. Para vencer, você precisa atirar. Essas crianças viveram para atirar. E elas foram bem nisso. Uma de 8 anos surpreendeu todos os pilotos ao destruir os quatro aviões inimigos em oito segundos. Os pilotos nunca haviam feito isso. Ah, e claro, todas as crianças atiraram nos inimigos que saltaram dos aviões usando para-quedas.
Decolagem e aterrissagem do F-16
Ao lado do F-22 Cockpit Demonstrator estava um F-16 virtual. Em vez de atirar em aviões e/ou pessoas, a tarefa nesse simulador era decolar de uma pista, dar uma volta no céu e aterrissar. Fácil, certo? Errado. Isso foi bem mais difícil. Principalmente para essas crianças precoces.
O cockpit do F-16 parecia mais sofisticado que o do F-22, mas do mesmo jeito que um vídeo-cassete parece mais complicado que um Apple TV. O assistente do simulador tentava tornar o desafio tão divertido quanto o do F-22, mas sem a opção de destruir coisas, era meio como tentar dar brócolis para crianças.
A simulação começa na tentativa de fazer o avião decolar de uma pista. O que afasta as crianças é a monotonia de estar no ar. Encarar uma tela azul enquanto dá voltas no céu sem alvos para caçar é entediante. A atenção deles não fica presa por muito tempo. Seis crianças brincaram no F-16 e só uma conseguiu aterrissar com sucesso o avião. O resto quis sair do cockpit antes que a brincadeira acabasse e acabou batendo o avião.
Experiência em helicóptero ao redor de Washington DC
“Você não vai bombardear a Casa Branca,” explicou uma voluntária.
Uma criança indignada pergunta: “Por que não?”
“Porque… bem, porque.” ela suspira.
O pequeno tenta disparar um míssil mesmo assim. A voluntária balança a cabeça em sinal de desaprovação. O garoto cai fora e vai ao próximo estande, enquanto o helicóptero cai em cima da casa do Presidente dos EUA.
Simulador de Voo Orion
O Simulador de Voo Orion era uma tarefa de coordenação mão-olho. Sem tiros, sem aterrissagem, apenas uma simulação de encaixe da Orion à Estação Espacial Internacional. É um exercício de seguir direções. Mova um joystick para alinhar as miras da Orion com pistas visuais na tela. Não era tão difícil.
As crianças, porém, ficaram estranhamente passivas aqui. Diga a elas para mover o joystick para a esquerda, e elas empurram uma vez e esperam. E esperam. Mesmo quando estava óbvio que elas iriam errar o alvo, elas continuavam esperando. Depois de atirar com um F-22 ou despedaçar um F-16 durante o pouso, elas ficaram silenciosas, quase temerosas de não seguirem as instruções. Ou talvez elas simplesmente não gostaram muito do simulador da Orion.
Laboratório de Imersão Humana
No Laboratório de Imersão Humana, os participantes vestiram óculos de realidade virtual e fingiram que estavam no espaço completando uma missão. A ideia é trabalhar com um parceiro (também cego pelos óculos) para realizar a tarefa. Todo mundo estava perdido. Pelo menos as crianças ficaram bonitinhas com aqueles óculos.
O futuro
O que mais se destacou na feira foi o fato de as crianças parecerem um pouco insensíveis, alheias à mágica da tecnologia. Por crescerem com iPhones e iPads, Xboxes e PS3s, Kinects e Wiis, uma nave espacial não parece tão impressionante. O quão surpreendente é uma tela sensível a toques se ela só te faz querer ir atrás de Fruit Ninja? Ou quão grandioso para os olhos de uma criança controlar um avião virtual pode ser se eles já viram isso no Battlefield 3?
Parece que por perderem o senso de maravilhamento na tecnologia em si, as crianças criaram-no explodindo coisas. Ser criança hoje em dia, tornar-se adulto nesse mundo, deve ser complicado. Ou talvez seja só inveja — da perspectiva de um dinossauro, as crianças parecem já ter acesso a muita tecnologia.