Já são quase 500 posts que praticamente documentam todos os meus altos e baixos desde 2008 quando fundei este blog e retomei as atividades como empreendedor, abandonando um emprego confortável para me arriscar no caminho solitário do empreendedorismo. Nesta época, cunhei o termo “insistimento” com os mesmos sentimentos que tenho agora no peito e a mesma questão primordial: “Estaria eu fazendo o que amo?”
Estou abrindo uma nova empresa de tecnologia para trabalhar com software livre e por isso estava pesquisando na internet a biografia de algumas pessoas importantes desta área como Richard Stallman, Linus Torvalds e Matt Mullenweg, quando me deparei pela seguinte frase dita por Matt, desenvolvedor líder do software de código aberto WordPress:
Faça o que você ama e não foque no dinheiro. A vida é muito curta.
SONHO DE LIBERDADE
Iluminação é um termo utilizado pelos espiritualistas para simbolizar que alguém atingiu um grau de liberdade total para viver a partir daquele momento sem amarras, seja com o passado, com o presente ou com o futuro. Apesar de donos de empresas, somos acima de tudo seres humanos que, como tais, almejamos viver em liberdade uma vida boa e feliz. Este objetivo, comum a todos nós, pode ser também chamado de iluminação espiritual onde, a partir de um determinado momento, passamos a agir como donos do nosso destino ao invés de reféns dele.
Esta liberdade, ou iluminação, é para mim algo que quando atingido, me fará exercer todo o meu potencial sem carregar, junto com este exercício, qualquer preocupação. Quem não cultiva o sonho de trabalhar por trabalhar sem se preocupar com as contas que precisa pagar? Não seria maravilhoso fazer aquilo que gostamos apenas porque gostamos sem nos importar com o que iremos receber em troca? Isto não significa que não receberíamos dinheiro como retorno do nosso trabalho, mas que não teríamos no dinheiro, o foco dos nosso esforços.
O QUE EU AMO?
O que eu faria se não precisasse mais de dinheiro é uma das perguntas principais do meu Curso Autocoaching e é o alicerce fundamental para construção de uma vida dos sonhos.
Quando fundei este blog, me fiz estas perguntas enquanto trabalhava em um emprego formal e percebi que precisava conviver com mais pessoas ajudando-as com meu dom empreendedor e me dedicar ao sonho de me tornar escritor. Além disso, queria ter uma família, morar em uma boa casa e poder me dedicar mais aos prazeres mais simples da vida como fazer o jardim ou empinar uma pipa num final de tarde no parque. Hoje vivo um pedaço de cada um desses desejos, apenas quatro anos depois de ter me decidido por colocá-los em primeiro lugar. Fazendo uma retrospectiva, vejo que é possível não só viver muito mais daqui pra frente, assim como incentivar aqueles que ainda não fizeram este movimento, que o façam para vivermos ainda neste século, em um mundo de mais abundância e igualdade para todos.
A VIDA É MUITO CURTA
Mas não é por ela ser curta que precisamos ter pressa. Se a menor distância entre dois pontos é uma reta e se uma reta é a ligação entre um ponto de origem e um ponto final, então a melhor forma de caminharmos é compreendendo onde está esse ponto inicial e também onde está esse ponto final. Olhar para a nossa própria vida e enxergar somente onde estamos, o que está certo e o que está errado sem olhar para onde estamos indo é não caminhar. Da mesma forma que olhar somente para o nosso futuro ignorando a nossa biografia presente também é permanecer inerte. Não olhar para nenhum dos dois pontos e correr, é cair em um precipício de disfunções que não nos levará a qualquer lugar.
Outro dia estava assistindo um documentário sobre a vida de Siddhartha Gautama (mais conhecido como Buda), que foi um príncipe da região do atual Nepal que se tornou professor espiritual e fundador do budismo. Gautama percorreu um grande caminho de busca pelo término do sofrimento (inerente a todos nós) deixando uma incrível mensagem de perseverança e fé pela busca da liberdade (ou iluminação). Depois de ter abandonado a sua vida como príncipe, ele passou por um mestre espiritual e depois outro, até que se tornou asceta, abandonando ao máximo o apego pelas coisas terrenas. Se desapegou até da comida até perceber que também ali não estava a solução para o seu sofrimento. Foi no momento em que ele percebeu que a Terra era somente a Terra e que nada de diferente existia na Terra além da sua própria realidade natural, que ele se iluminou e passou a viver em total liberdade, livre de preocupações, culpa ou ansiedade. Ele simplesmente percebeu que todas as interpretações sobre a Terra, eram apenas histórias sobre a Terra que nada tinham a ver com a verdadeira realidade.
COMO SE LIBERTAR DO SOFRIMENTO?
Esta é uma questão que eu poderia respondê-la com base nas teorias do que li e ouvi, mas somente conseguirei respondê-la quando vivê-la realmente. Para isto, terei que utilizar a minha própria vida para nela realizar experimentações acerca desta minha crença como vários outros homens e mulheres que encontraram o seu chamado, fizeram.
“Deixe-se ser silenciosamente comandado pelo forte impulso daquilo que você realmente ama.” ~ Rumi
O primeiro passo está na reflexão e busca sincera por uma forma de trabalhar me preocupando mais com o que amo do que com quanto eu preciso para viver bem. Ou seja, construir um framework de trabalho que me sustente financeiramente enquanto eu atuo colocando para fora os meus talentos através do meu trabalho. Através da prática diária do exercício do trabalho sobre este framework é que, acredito eu, farei com que o meu sonho de liberdade se torne real na minha vida.
FAÇA UMA ESCOLHA
Pense comigo. Você pode escolher planejar o seu futuro com base no quanto você deseja ganhar para viver uma vida confortável, assim como também pode escolher planejar o seu futuro com base naquilo que você ama fazer deixando o retorno dessa atitude para a lei da ação e reação decidir. Eu escolhi fazer o que amo e hoje recebo diariamente e-mails de pessoas de todos os lugares do planeta me incentivando, agradecendo e desejando um monte de coisas boas para mim. Por vezes, me desvio deste caminho de ir em direção aquilo que amo para pagar uma conta aqui ou comprar uma inutilidade acolá, mas o exercício de botar a mão na cabeça e conceber que estou caminhando errado, é o que me faz retornar para a reta que desenhei um tempo atrás como objetivo da minha vida.
2012 foi um ano de muitas mudanças e uma visão clara no espelho de onde errei e onde acertei. Pessoas e situações boas e não tão boas ficaram para trás, mas a graça foi obtida quando, depois disso tudo, ainda enxergo que estou de pé, bem de saúde, bem mentalmente e bem espiritualmente. Sem culpas ou sentimento de vitória. Apenas vivendo feliz por estar experimentando todas as possibilidades da vida.
É para isso que vivo. É para isso que desejo que meus filhos vivam. É para isso que desejo que a humanidade viva.
Ser feliz em liberdade. Este é o propósito.