Alguém ainda realmente quer usar o Microsoft Office? Claro que não. É uma ferramenta de trabalho. É um utilitário. Mas ele precisa ter um jeitão de utilitário? Precisa ser tão frio, sem vida? Não — não mais. O novo Office é o melhor Office.
O Office 2013, liberado hoje como um “Consumer Preview” para o vindouro Windows 8, está em uma posição difícil. O Office tem sido meio ruim já tem algum tempo — pesado, carregado, encrustado de recursos e mal projetado. A tentativa da Microsoft de simplificar tudo com a interface Ribbon apenas confundiu mais as pessoas, espalhando a bagunça em novos locais em vez de juntar tudo. Isso não é bom para ninguém.
Mas as coisas estão mudando na Microsoft, certo? Sem alarde, a empresa tem feito softwares mais bonitos e modernos, radicalmente diferente de qualquer coisa feita no passado. Windows Phone! Windows 8! Metro! É tudo muito empolgante e prazeroso aos olhos, atributos que nunca usaríamos para descrever um processador de textos ou planilha eletrônica. Então como a Microsoft traz esse novo espírito de respeito aos pixels ao Office sem alienar a todos que o consideram uma ferramenta de trabalho e nada mais? As pessoas não gostam de ter suas rotinas molestadas — se você usa a mesma chave de fenda por 15 anos e de repente ela parece e se comporta de um jeito totalmente diferente, talvez você a jogue fora.
Assim, a Microsoft tomou uma rota sutil e esperta para tirar o Office do século XX. Ela percebeu que o usaremos em tablets e desktops — ou talvez até em desktops que aceitam toques na tela. Ela percebeu que usaremos o novo Office junto com um menu Iniciar Metro totalmente novo. Ela percebeu que as pessoas têm uma certa tolerância à feiura — que nossos software do dia a dia no trabalho não deveria ter o mesmo efeito psicológico que uma lâmpada florescente.
Então, aqui está a nova tentativa de tornar o Office tolerável, mas mais que isso, de fazê-lo parte da renascença estética da Microsoft. Funciona? Mais ou menos.
O Office ainda é o Office, totalmente. O Word é uma ferramenta para escrever, o Excel é uma ferramenta para planilhas e o PowerPoint é uma ferramenta para entediar todo mundo com apresentações. Nenhum deles foi totalmente reformulado — você ainda estará em águas mornas e familiares quando abrir parte do Office — mas cada um deles foi pelo menos parcialmente redesenhado. Soa superficial porque é, mas cada app pelo menos lembra o Metro, embora não absorva as suas novas funcionalidades. Novamente, essa é provavelmente uma coisa boa que evitará que os usuários do Office tenham ideias suicidas, mas é um pouco decepcionante constatar a falta de imaginação aqui enquanto a mesma empresa esbanja audácia no resto do seu software. As admiráveis mentes que decidiram sobre o Windows 8 não estão presentes aqui.
Isso não impede o Office de ser a melhor versão que já usamos. Aquelas faixas da Ribbon horríveis estão menores e caixas de formatação podem ser totalmente ocultadas com um clique (ou toque!). Sim, toques. Com um sistema que habilita toques, você se verá não só capaz, mas querendo e empolgado pra tocar seu trabalho em conjunto com o mouse (ou só com os dedos), em grande parte graças a um botão de menu que alterna cada programa para um “modo de toques”, com pedaços da interface mais gordinhos e menus mais largos que ficam mais fáceis de acertar — embora o teclado virtual aparecendo toda hora seja ruim e, ironicamente, o menu que habilita o modo de toques seja bem pequeno e difícil de tocar.
Às vezes parece melhor deslizar pela tela. Às vezes ela é super funcional, como no caso do novo PowerPoint, onde você pode fazer o gesto de pinça para dar zoom na visão geral de slides, em vez de apertar as teclas de setas para chegar até onde você quiser. É uma pequena mudanças, mas pequenas mudanças como essa estão por toda parte. O Word torna o posicionamento de imagens no texto um deleite (tanto por toques quanto via mouse), o Excel está mais esperto, preenchendo sozinho células de formas novas e espertas e o PowerPoint faz o possível para mantê-lo longe da criação de pesadelos multimídia. Em vez disso, o novo PowerPoint foca em facilitar a navegação e narração dos seus slides, em vez de embelezá-lo com efeitos sonoros de laser e esmaecimentos.
Mesmo que você acabe usando o Office 15 em um desktop tradicional e jamais toque a tela, ele é ainda mais sutil e a melhor maneira de escrever um texto (e as outras atividades que o Office permite) em um PC. Sua interface foi mais aperfeiçoada do que jamais havia sido, ele está intimamente ligado ao SkyDrive (então seus trabalhos estarão sempre a salvo, automática e silenciosamente, para sempre) e os formatos de arquivo da Microsoft ainda são padrões universais. E se você usar o Office 2013 em trânsito, terá uma boa experiência com trabalho de verdade em um tablet — um feito raro.
Tudo isso é realmente inútil. Uma gigantesca parte de vocês usará o Office não importa o que aconteça, simplesmente porque vocês não têm escolha ou porque é apenas mais fácil do que tentar algo novo. Mas o lançamento de hoje funciona bem para essa parte, já que o cidadão obrigado ou indiferente acabará usando a melhor versão já vista da chave de fenda ideal para o ambiente de trabalho. Caso eles notem isso, é claro. [Office]