O Windows 8 é a mudança mais radical que a Microsoft já fez em sua história. Quando você usá-lo pela primeira vez, a sensação é a mesma de pisar no gelo pela primeira vez. É tão liso que você pode escorregar. Comandos, ícones, aplicativos e menus saltam e somem da tela, algumas coisas dão zoom e voltam na interface Metro de maneira bela e vertiginosa. Aprender a andar parece difícil.
Mas quando você aprende a fazer seus caminhos na interface, em vez de escorregar, você começa a deslizar. Quando sua intuição e sua memória ultrapassam sua necessidade de racionalizar suas ações, a navegação por ações e conteúdos se transforma em algo belíssimo e eficiente. Há algumas arestas não aparadas que podem derrubar você, mas o Consumer Preview já é um produto muito melhor do que o Developer Preview lançado em setembro do ano passado. Quando a versão final chegar no fim do ano, fica claro que o Windows 8 será um sistema operacional marcante, talvez até venerável. É uma mudança de basicamente tudo que nós conhecíamos por Windows. Ou você amará, ou você odiará.
Eu amei.
Gestos
Os gestos são extraordinários. As Ações são abertas nos cantos da tela, onde você pode alcançá-las com os dedos sem dificuldade e sem ocupar muito espaço na tela. Deslize para a esquerda e os Charms abrirão (a Microsoft se refere aos ícones do menu da direita como Charms) para ajudá-lo a navegar com facilidade de qualquer lugar para a tela inicial, Configurações, Busca, Compartilhamento e Dispositivos.
Esses são basicamente os principais toques, mas são nos pequenos detalhes que você encontra as diferenças. Após clicar em Configurações, por exemplo, as configurações dos aplicativos que você está usando surgem onde seus ícones estavam, posicionando automaticamente seu dedo ou o mouse para o lugar certo. É um toque de produtividade bem importante.
E os gestos foram completamente melhorados e refinados para realizar tarefas complexas. Por exemplo, você pode deslizar do canto esquerdo da tela para controlar os apps que estão abertos, mas isso é só o começo. Dependendo de como você finalizar o gesto, você pode trocar qual app está rodando em tela cheia, abrir um em uma janela minimizada de um quarto da tela (ótimo para apps de música e chat) — formato chamado de estado Snap –, ou você pode ver todos os apps que você abriu. Você pode até mesmo pegar um app e jogá-lo para a parte inferior da tela para fechá-lo. E agora, a tela inicial do Metro sempre está viva no canto inferior esquerdo — trata-se de uma memória do extinto botão Iniciar. Mesmo na versão Windows Desktop, com visual mais quadrado, tais novidades estão presentes.
O Windows aposta muito no toque. O que é bom. Toques e gestos são o futuro já iminente da interface de usuário. São modos mais simples de acessar e manipular dados. Mas, claro, o toque ainda não atingiu 100% de seu potencial. Há algumas ações em que você vai querer usar outro periférico para executar. E o Windows 8 entende isso. Ele permite que você use os dois caminhos, toque ou a combinação mouse e teclado. Ou uma combinação dos três. (E, sim, há a opção de stylus também.)
Mas o Windows 8 fez com que todas as ações sejam naturais, em todos os sentidos, para que você não tenha que aprender a fazer a mesma coisa de dois modos diferentes. Se você sabe fazer algo com um gesto, você também conseguirá fazer a mesma coisa com um mouse, mesmo que a ação seja sutilmente diferente. Enquanto o toque funciona bem nas bordas, o mouse é ideal para atingir todos os cantos.
Assim, por exemplo, se você mover o cursor do mouse para o topo do canto direito da tela, uma versão quase como marca d’água do Charms aparece. Puxe para baixo e a janela de Charms aparece completa, da mesma forma que ela abre quando você desliza com o dedo. A lógica é que você provavelmente vai querer usar o mouse para fazer várias coisas nos cantos, como rolagem de páginas, algo que o Charms não pode esconder de você. Você quer pode passar o mouse lá sem abrir acidentalmente o Charms. Da mesma forma, o Start está sempre no canto inferior esquerdo, independente do método usado para controlar a tela.
Um novo visual e uma nova ordem
Se você não está familiarizado com a interface Metro do Developer Preview, a principal mudança que você precisará se acostumar é em ver os apps ocuparem a tela toda. Você pode rodar vários apps de uma vez de fundo, e mesmo rodando mais de um app em uma tela separada, no formato Snap, o foco sempre é um aplicativo por vez.
E ele é realmente só um app. Não há barras no topo com um menu no Metro. Não há aquele cromado de apps (as bordas e barras e botões que cercam a janela de um software), nem nada disso. Você pode abrir uma App Bar ao deslizar seu dedo de baixo para cima da tela, ou clicando com o botão direito do mouse para acessar os controles que normalmente ficavam na barra de menu no topo. Mas eles ficam escondidos até que você precise deles. E isso é bom.
O Zoom Semântico é impressionante. Ele já havia sido demonstrado no Developer Preview, mas não estava funcionando direito. Agora está. Você pode pinçar uma tela inicial do Metro para dar zoom out das telhas para todas se minimizarem na tela. Isso facilita a navegação entre eles, e se você quer mover-se rapidamente de um app que está na esquerda para um outro que está lá no canto direito, você consegue fazer instantaneamente sem precisar passar e passar e passar por telas. Apesar de não termos tantos aplicativos assim no Windows 8 no momento, quando você tiver um monte de telhas (e você terá), isso será bem útil.
E isso também ajuda na hora de organizar seus apps. O Metro quer que você ajuste e personalize a tela Inicial, que é basicamente um abridor de apps. Você pode organizar as coisas do jeito que você quiser. Você pode mover telhas de um grupo para outro, rearranjá-las em um grupo, ou mover grupos inteiros. Você pode nomear os grupos para facilitar. Por exemplo, eu nomeei um grupo como “coisas que eu nunca vou usar” e o deixei beeem no canto direito. Mas quando você entope essa tela com muita coisa, fica cada vez mais difícil mover tudo na visualização em tela cheia. E o Zoom Semântico deixa tudo muito fácil para reorganizar de forma rápida e eficiente.
Agora que já há alguns apps para a interface metro, o formato Snap também surge como um elemento vital de interface. Ele permite que você rode um app em um modo menor, mas visível, que é basicamente como uma barra lateral à esquerda. Eu gostei muito de usar o app Music assim. Imagino que isso pode ser ótimo também para ver um vídeo ao vivo de, por exemplo, um jogo de futebol, enquanto uma planilha de trabalho fica aberta como janela principal.
A personalização também funciona bem. A Microsoft adicionou mais opções no Consumer Preview (você pode ajustar as cores e adicionar imagens na tela de bloqueio, por exemplo). Mas o mais marcante é como a Microsoft está angulando a personalização de forma que ela se reflita em todos os seus aparelhos. Mude sua foto de perfil em seu tablet em casa e ela também mudará em seu desktop do trabalho. Conecte o Flickr ao Windows Live no desktop, e sua galeria de fotos surgirá no app Photo no tablet. No resumo, as coisas que você faz em um aparelho são refletidas por todos os lados. No fim das contas, o aparelho é apenas um caminho para você acessar seus dados, então quando você personaliza essas informações, você as têm de forma consistente em qualquer lugar.
Apps
A Microsoft incluiu vários de seus próprios “Metro apps” com o Windows 8 Consumer Preview, e você poderá baixar
mais da lojinha. Ela ainda está meio às moscas, apesar de ter aparecido bem mais coisa desde o Developer Preview. Mas vamos dar uma olhada no que vem incluso.
O Internet Explorer 10 foi bastante melhorado e é simplesmente maravilhoso no Metro. A versão do Safari rodando no iPad parece primitiva em comparação. A versão em tela cheia é incrivelmente rápida e responsiva, e se move como que por inércia quando você desliza o dedo rapidamente, e vai devagar como se pela ação da gravidade. O zoom e ação de navegar pela com os dedos é ótima. E usando gestos, arrastando os dedos para a direita ou para a esquerda, para ir e voltar, simplesmente faz sentido. E isso faz a navegação ser bem fluida também. Toque na barra de endereços, por exemplo, e os seus sites mais visitados e favoritos aparecem no topo da tela. Se você costuma ir sempre aos mesmos lugares, é uma ótima maneira de navegar pela web.
Um problema é que nenhum plug-in funciona no IE 10 para o Metro. Vá para um site de vídeos como o Hulu e você verá, em vez de um vídeo em Flash, uma caixa preta. Mas a Microsoft tem uma maneira de solucionar isso. Clicando em um ícone da barra de apps do IE 10 permite que você inicie o browser no “modo desktop”, onde tudo é suportado. Sim, é só uma operação de dois cliques, mas é meio estranho e contraproducente. Enquanto isso faz sentido para gente que está usando o Windows 8 em um touchscreen, se você o estiver fazendo em um laptop ou desktop é um saco.
O app de “Pessoas” é mais ou menos um mash-up de contatos. Não apenas ele lista o seu livro de contatos, mas também, se você conectar serviços como o Facebook e Twitter você poderá ver updates dessas pessoas dentro da aba “O que há de novo” (em listas individuais). Se você é um usuário do Windows Phome (ou mesmo de alguns skins “sociais” de Androids), já é familiar com isso. Você também pode fixar contatos na tela inicial para que seus tweets e updates do Facebook apareçam logo na home. O app de contato também é conectado com o de Email e Mensagens, então você pode sem se esforçar muito se comunicar de maneira rápida ou em mensagens longas com o os seus amigos.