A indústria de aço do Brasil reduziu as expectativas de exportação e importação para 2013. As exportações devem cair 13%, alcançando 8,5 milhões de toneladas, e as importações têm estimativa de queda de 14,4%, com 3,2 milhões de toneladas. A produção de aço bruto deve fechar o ano com 34,5 milhões de toneladas, estável em relação ao ano passado.
Por outro lado, as importações indiretas de aço, contido em bens de consumo como máquinas e carros, subiram 17,7% entre janeiro e julho deste ano, na comparação com 2012. As vendas internas foram estimadas em 22,8 milhões de toneladas para o ano, alta de 5,3%, e o consumo aparente no Brasil pode crescer 3,2%, chegando a 26 milhões de toneladas.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Aço Brasil. De acordo com o presidente executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes, a perda de competitividade da indústria brasileira está ligada ao cenário mundial, que apresenta atualmente um excedente de 587 milhões de toneladas de aço, o que representa 22 vezes o consumo brasileiro, com perspectiva de produção de um adicional de 192 milhões de toneladas no exterior até 2015.
“O mundo vai ser inundado [por uma produção excedente de aço] e isso só poderia ser absorvido se o consumo estivesse crescendo muito, e não é isso que está acontecendo. Então, o mundo externo não é solução para o Brasil no setor siderúrgico. Com esse volume monumental, a exportação, que no passado nos ajudou a trabalhar com uma capacidade instalada mais alta, pode esquecer. Atualmente nós temos práticas predatórias e preços deprimidos”, diz Lopes.
De acordo com os dados, a indústria tem trabalhado com 70% da capacidade instalada, quando o ideal é ficar em 85%. Além disso, a sobra da produção em relação à demanda do mercado interno deve chegar a 69% em 2013.
Outro ponto que pode prejudicar ainda mais a competitividade da siderurgia brasileira, segundo o Instituto Aço Brasil, é a não renovação das alíquotas de imposto de importação sobre alguns produtos, estabelecida pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em setembro do ano passado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o governo estuda rever a medida.
Lopes diz que a questão vinha sendo discutida com o ministro. “Ninguém aqui quer trabalhar com proteção, nós queremos igualdade de condições na competição. A não renovação [das alíquotas de importação] surpreendeu todo mundo, porque isso não estava em cogitação, o que estava se discutindo era a desoneração, conseguiu a desoneração, sai da lista [da alíquota extra]. E vínhamos trabalhando com a Fazenda, então o anúncio nos surpreendeu porque a desoneração não foi concluída”, disse.
Outra questão posta pelo presidente executivo foram as oportunidades dos projetos especiais que o setor não pôde aproveitar, como as obras para a Copa 2014, Olimpíadas 2016, Programa Minha Casa, Minha Vida e o pré-sal. “Quatro estádios no Brasil tiveram a cobertura feita integralmente com aço importado, isso é inaceitável. O pré-sal não despachou, mas teve a apresentação do novo bloco de Libra, está tudo prospectado, então tem uma possibilidade grande e estamos olhando no entorno, oleodutos, plataformas, tubos de perfuração”, diz Lopes.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, a cobertura da Arena Fonte Nova, em Salvador, usou 1.700 toneladas de aço importado, o Estádio Castelão, em Fortaleza utilizou 2.200 toneladas e a cobertura da Arena Amazônia, em Manaus, gastou 6.670 toneladas, além da reforma da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, que não será usado na Copa, mas utilizou 2.800 toneladas de aço importado.