Dizem que a necessidade é a mãe da invenção, e foi a experiência pessoal que fez Kenneth Shinozuka ter a ideia de um dispositivo especial para pacientes que sofrem com Alzheimer.
O avô do garoto é portador da doença, e ele percebia a dificuldade da família de mantê-lo seguro durante a noite, já que grande parte dos pacientes com Alzheimer tem o hábito de sair das suas camas durante a noite, por vezes até mesmo deixando a casa e podendo se perder caso o responsável pela vigília noturna tenha um sono mais pesado.
Para evitar que o cansaço e o sono do cuidador pusessem a vida do seu avô em risco, Kenneth desenvolveu um aparelhinho que detecta quando o paciente dá o primeiro passo no chão, ativando um alarme em um aplicativo dedicado, instalado no smartphone do responsável pelos cuidados noturnos daquele paciente. O sensor, que fica nos pés do portador da doença, é flexível e pouco incômodo, podendo ser preso aos pés com esparadrapos ou inserido em uma das suas meias quando ele for colocado para dormir.
Durante os 6 meses em que o sistema de alarme de ‘avô andando de noite’ foi testado, o aparelho foi capaz de detectar 100% das vezes em que o idoso saiu da cama – segundo o sistema de Kenneth, um total de 437 vezes (!).
Além de evitar que o seu avô saísse desacompanhado durante a noite, o sistema criado pelo garoto armazena a frequência das tentativas de ‘fuga’, o que pode ajudar a identificar algum padrão que possa ter a ver com a rotina diária do paciente.
A utilidade e simplicidade do gadget de Kenneth foi recentemente reconhecida pelo Google na sua conhecida Feira de Ciências – o projeto do menino está entre os 15 finalistas mundiais, e caso seja o vencedor, poderá ser premiado com uma viagem de 10 dias para as ilhas Galápagos, uma visita ao porto espacial Virgin Galactic e uma bolsa de estudos no valor de 50 mil dólares.
Independentemente disso, Kenneth já está se preparando para fabricar centenas desses sensores, que ele pretende doar para asilos e casas de apoio para pacientes com Alzheimer.
Isso é uma das coisas mais bacanas que podem acontecer quando damos aos jovens acesso à tecnologias e incentivo à pesquisa. Se depender da criatividade deles, muita coisa ainda pode ser melhorada no cotidiano das pessoas que mais precisam.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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