Nas duas últimas semanas todo mundo se perguntou (inclusive quem estava nas ruas) qual era, afinal, o motivo dos protestos que aconteceram nas principais capitais do país e que rapidamente se espalharam pelo interior e ganharam o mundo em solidariedade ao povo que irá sediar a Copa do Mundo. Em resumo, a causa da insatisfação é advinda, principalmente, dos prejuízos sociais ocasionados pela corrupção brasileira praticada pelos nossos governantes.
Apesar de render um bom caldo, meu propósito aqui não é opinar sobre as causas nem discutir uma movimentação inquieta por um país melhor. É digno e legítimo o “incômodo”, e apesar de ainda existir controvérsias sobre as consequências desse ato, uma coisa é certa: a mídia tradicional também terá que rever a forma como narra os fatos. A credibilidade de grandes veículos está em jogo, quando quem está nas ruas narra, em tempo real, o que realmente está acontecendo. Obviamente qualquer empresa privada tem seus interesses comerciais e políticos e por mais que se tente alcançar o ideal da imparcialidade jornalística, os telespectadores nesse momento são os donos da verdade e a fonte oficial de informação é o Facebook.
A Rede Globo recentemente abandonou seus canais oficiais nas redes sociais, por acreditar que não traziam benefícios diretos à emissora. Coincidentemente dias depois assistimos a emissora ser pautada em tempo real pelo que falava ao vivo no Jornal Nacional. No dia histórico (17/6), a apresentadora Patrícia Poeta sempre voltava “respondendo” a uma crítica ao jornal feita pelos usuários, dizendo que a TV estava distorcendo as informações.
Um segundo caso que deve ser levado em consideração é o alastramento veloz da manifestação graças à rede de Zuckerberg. Talvez as pessoas não teriam saído do sofá tão depressa caso não tivessem assistido os vídeos que a TV não transmitiu, de manifestantes sendo agredidos em São Paulo. A mobilização criada pelos eventos na rede também foi grande responsável por engajar e responsabilizar aqueles que estavam recebendo os convites e não estava saindo às ruas.
Não estou querendo dizer que as manifestações só aconteceram graças ao Facebook, mas sem dúvida a indignação e a ira para sair de casa tendeu a crescer a cada comentário lido, foto postada ou check in feito em locais públicos onde aconteciam as manifestações. Esta reflexão estende-se até o ataque cibernético do grupo Anonymous, que também nos diferencia das demais manifestações realizadas.
A manifestação veloz e apoio solidário internacional também são consequências da participação na rede, sem contar que a “revolução digital” tem uma pressão gigantesca nos perfis oficiais de governantes, que a essa altura devem estar preocupados para contornar as duas crises: atender aos pedidos dos brasileiros e reposicionar suas imagens na internet a pouco mais de um ano para as eleições.
Portanto, por questão de contexto histórico – e obviamente pela ferramenta mais usada no mundo até então – o Brasil deve um muito obrigado ao Zuckerberg por permitir a manifestação de dentro para fora e de fora para dentro da rede com a multiplicidade de interação permitida. Portanto, se você acha que não pode fazer a diferença pelo Facebook, repense.
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