Imagine que você precisa se mudar pra São Paulo e começa a procurar um apartamento. Ao saber disso um amigo oferece o dele emprestado enquanto estará fora fazendo intercâmbio. “Que aluguel que nada, você é irmão, basta chegar”. Opa, de graça, o melhor preço que existe! Mas, bem, o apartamento não está exatamente do jeito que você gostaria e você resolve reformar algumas coisas, gasta uns 30 mil e deixa ele exatamente como quer. Aí seu amigo volta, pede o apartamento e você vai embora, de mãos abanando, deixando seu investimento pra trás.
“Ah, Eden, mas o cara foi muito burro investindo tanto dinheiro em algo que não era dele e que podia ser posto pra fora a qualquer hora”. É, verdade, igualzinho ao que algumas pessoas fazem com o Facebook.
“Reservamo-nos o direito de rejeitar ou remover páginas por qualquer motivo. Estes termos estão sujeitos a alteração a qualquer momento.” Diz o Facebook.
Antes de criar uma fanpage ou investir uma bela grana em mídia para fazer tal fanpage crescer você já passou o olho nos termos de uso da plataforma? Aposto que não. Não conheço ninguém que tenha feito. Como investir dinheiro em uma plataforma que pode amanhã mudar as próprias regras e inviabilizar o seu projeto? Costumo dizer que o Facebook é a Casa dos Artistas das plataformas sociais e que o Mark é o Sílvio Santos. Por que?
Ele muda as regras quando quer, sem consultar ninguém. Amanhã ele bota o Frota pra dentro de novo e você não pode reclamar. É dele. Ponto. Como ter segurança assim? Ah, mas trata-se de uma empresa de capital aberto, ele não vai tomar atitudes prejudiciais dessa maneira. Espero que não, mas o risco existe.
Isso quer dizer que eu não recomendo o uso do Facebook? Claro que não. Como diria a música, o artista tem que ir onde o povo está. O Facebook é uma plataforma fantástica. Atualmente é a maior rede social do mundo. No Brasil, é a primeira rede brand friendly. Diria até que é fundamental para a maior parte das estratégias de presença digital. Mas… (sempre tem um mas) acredito ser uma tremenda ignorância estratégica tê-lo como único e exclusivo canal de presença digital. É por todos os ovos em uma única cesta, que além de não ser sua ainda balança pra burro.
Dói ver algumas pessoas eliminando seus sites e blogs e redirecionando o domínio para a fanpage. Dói peceber que não compreendem que a maior parte do conteúdo postado no Facebook cai no limbo após 48h enquanto estariam sempre ao alcance de seus leitores se estivessem sendo também postados em um blog ou site (que pode ser espelhado dentro do FB) e aparecendo nos resultado de busca do Google. Dói saber que algumas pessoas acham que a única coisa que indica que tem uma página legal é o número de fãs (que podem ser comprados como qualquer bala de botequim) no Facebook.
A presença digital não deve se manifestar em uma única plataforma. Por questões de segurança, por questões estratégicas e táticas. Ignorar os riscos de por todas as fichas em uma única aposta é quase tão errado quanto ignorar as idiossincrasias das diversas plataformas disponíveis. Não existe aposta certa quando as regras do jogo não são claras e quando quem controla a banca diz que pode mudá-las a qualquer instante.
Meu conselho? Usem o Facebook de forma inteligente e criativa. Busquem o melhor resultado de todas as funcionalidades. Produzam e publiquem conteúdo fantástico. Usem a mídia de forma inteligente, criativa e segmentada. E integrem sua fanpage com suas demais plataformas. Que devem existir. Que devem ter funcionalidades diferentes e talvez até números mais humildes. Mas que serão importantes, acreditem. Lembrem que as vezes o azarão surpreende.