Existe um grande debate sobre a precisão da padronização do quilograma. E agora, cientistas mostram de uma vez por todas que o pedaço de metal que define a unidade de massa está ganhando peso.
O quilograma original – o Protótipo Internacional de Quilograma, ou IPK, feito de liga de platina e irídio – é o padrão definido para todas as medidas de massa. Então ele é importante.
Há quarenta réplicas ao redor do mundo, e o Reino Unido tem a posse da réplica 18. Pesquisadores da Universidade de Newcastle foram dar uma olhada nele e descobriram que algo estava errado.
Usando uma máquina de raio-X espectroscópica de fotoelétrons – a única do mundo – eles conseguiram analisar o bloco com uma precisão nunca antes atingida. O que acontece é o que a idade pesou. Sim, a idade: as medidas de raio-X mostraram que, com o passar do tempo, houve um acúmulo de hidrocarbonetos na superfície – aumentando o peso em 100 microgramas.
Parece pouco, mas não é. O quilograma também é usado em outras medidas: no joule, na candela (medida de brilho da luz), entre outras – o quilograma “pesado” pode causar um efeito cascata de imprecisões. E numa era na qual lidamos até com partículas subatômicas, e onde a precisão nas medidas é algo essencial, precisamos de um padrão que não mude.
Seria até aceitável se toda réplica do quilograma envelhecesse da mesma forma: afinal, nós usaríamos o mesmo padrão ao redor do mundo, ele só teria mudado um pouco. Mas os cientistas acreditam que esse não é o caso. Peter Cumpson, professor de sistemas microeletromecânicos da Universidade de Newcastle, explica ao ScienceDaily:
“Ao redor do mundo, o IPK e suas 40 réplicas estão envelhecendo de forma diferente, divergindo do original… Nós só estamos falando sobre uma pequena mudança… mas a massa é uma unidade tão fundamental que mesmo essa pequena alteração é significativa e o impacto de uma pequena variação em uma escala global é enorme.”
Então, o que fazer? Bem, os pesquisadores mostraram que ao expor blocos similares a uma mistura de ultravioleta e ozônio é possível remover os contaminantes da superfície e – potencialmente – restaurar o peso original. Até agora ninguém tentou isso com os padrões de quilogramas, então ainda precisamos ver se isso funciona na prática. Quem vai tentar primeiro? [Science Daily]
Imagem via Wikimedia Commons sob licença Creative Commons