Não são os empréstimos ou os maus funcionários os maiores males do empreendedor. Tampouco a ausência de competência no ramo onde atua ou as oscilações do mercado. Tenha certeza que os maiores males do empreendedor estão dentro dele, uma vez que ele é o ponto central gerador da energia empreendedora da qual dependem seus negócios. O que também pode ser estendido a qualquer ser humano, mesmo que não seja empreendedor porque todos nós somos o ponto central da nossa própria vida e os geradores das circunstâncias que a controlam.
Refletindo sobre a minha carreira e acompanhando outros empreendedores no seu processo de crescimento, percebo que tanto eu, como outros empreendedores falhamos em alguns pontos que apesar de parecerem óbvios hoje, só são vistos dessa forma após ganharmos experiência no aprendizado com nossos próprios erros. Atire a primeira pedra quem nunca cultivou a ilusão de que a sua ideia era a melhor do mercado? Ou de que tinha todos os recursos que precisava para fazer a empresa dar certo? Ou mesmo que comemorou as pequenas vitórias como se já tivesse chegado no final da jornada?
Eu já pensei ter a melhor ideia do mercado e também já pensei que tinha recursos humanos, físicos e financeiros suficientes para executar um plano. Assim como também já sentei nos louros dos meus pequenos sucesso como alguém que já atingiu todas as suas metas. Eu acreditava que as coisas dariam certo de qualquer maneira, mesmo que sem um plano muito bem feito ou uma execução cadenciada. Simplesmente tinha fé em mim e não percebia que fé sem estudo, estratégia e disciplina não concluiria os meus objetivos por si só. Enfim…
Otimismo sem embasamento
Quando começamos um empreendimento queremos muito que ele dê certo e até recebemos apoio de familiares e amigos que sem tomar nota do nosso plano de negócios dizem para nós que tudo vai dar certo. Acreditamos que trabalhar horas a fio mudará a nossa condição para alguém de sucesso e sem qualquer reflexão teórica nos movemos em direção aquilo que queremos. Agregamos outras pessoas no nosso sonho e mantemos aquele sorriso de sucesso no rosto até que a realidade arranque ele da nossa pele.
Guardemos nosso otimismo para nós ou, pelo menos, deixemos ele a um nível de 20% ao invés de 100% da sua capacidade. Cerquemo-nos de estudos, teorias, validações e testes para prevenir o fracasso. Ampliemos pouco a pouco os nossos investimentos de tempo e dinheiro conforme o negócio cresce ao invés de ir com tudo para cima. Armemo-nos de todas as formas para deixar o maior otimista, ressabiado a respeito de seus próprios sentimentos.
Objetivo sem planejamento
Ninguém consegue ir do ponto A ao ponto B sem antes mensurar a distância que irá percorrer e tampouco sem averiguar como conseguirá percorrer o caminho. Atravesse a rua sem olhar para os dois lados e corra um risco muito maior de se acidentar do que atravessá-la se certificando que não terão carros passando no momento que atravessá-la. Ter um objetivo e não se planejar para atingi-lo é um comportamento bastante comum nas pessoas que culpam os outros pelas suas falhas. Elas normalmente querem decidir o seu futuro da mesma forma que decidem se aceitam ou não água quando vão a um consultório médico.
Tenhamos objetivos, mas reservemos um espaço grande na nossa agenda para estudar e planejar como iremos atingi-los. Não nos lancemos nas águas da incerteza sem antes planejar por onde iremos navegar e o quanto de recursos iremos precisar na nossa jornada. Ponto a ponto, precisamos fazer checagens e também estabelecer micro-objetivos para averiguar se estamos caminhando na direção e velocidade que pretendíamos.
Execução sem ritmo
Você não encontra nenhum dançarino, lutador ou músico que não tenha uma agenda regular de treinos. Eles geralmente mantém uma disciplina diária na construção das suas carreiras. Percebemos a diferença entre um bom dançarino e um dançarino ruim observando como é a agenda de treino de cada um. Se você faz uma coisa em um dia em um horário e outras coisas diferentes em outros dias e horários, sem manter um ritmo você consequentemente não construirá um hábito e tampouco uma “casa”.
Partamos para a execução, mas lembremo-nos que o ritmo, a cadência e a constância é o que construirá os alicerces do nosso negócio. Percebamos que o mercado confia mais nas pessoas estáveis e que transmitem segurança. Invistamos na disciplina e na agenda diária de tarefas para concluir em médio e longo prazo aquilo que queremos assim como também passar segurança para nossos clientes, parceiros, seguidores e fãs.
O que fazer para combater esses males?
Já faz algum tempo que eu tenho um agenda de tarefas diária, ou seja, desde a hora que eu levanto até a hora de vou dormir faço as mesmas coisas. Reservo um horário na minha agenda diária para conferir as contas bancárias e um outro horário para escrever posts ou ficar com a família. Sempre nas mesmas janelas de horário. Como benefício, obtive uma maior segurança no meu dia-a-dia que foi percebida por aqueles que me cercam, elevando também a minha produtividade em todos as aspectos (pessoal, profissional, social e cultural). Tenho horário para o twitter, para o facebook, para o café, para o jardim, para os emails, etc.
Também parei de sair executando feito louco com o propósito de terminar rápido algo sem antes me planejar. Tenho uma ideia, anoto e separo um momento semanal para validar se aquele ideia pode ou não ser implementada. Planejo apenas uma ideia por vez e depois que planejo comprometo-me a executar aquele planejamento da forma como escrevi, fazendo ajustes de percurso conforme necessário. É assim que tenho conseguido praticamente sozinho colocar nossos cursos no ar e criar novas soluções para empreendedores ao mesmo tempo que mantenho a disciplina gerando conteúdo quatro vezes por semana.
Por último eu testo tudo. Poderia teorizar, estudar e me informar a respeito (e faço isso), mas só o que comprova para mim que algo vai “virar” é um teste. Tenho que ver as pessoas se engajando na minha ideia, comprando aquilo que estou vendendo mesmo que antecipadamente para eu dedicar total atenção ao projeto. Sem esse teste, fico desconfiado, cabreiro e com medo e não coloco todas as minhas fichas na mesa.
Espero que você tenha curtido as dicas que dei acima e que elas possam contribuir com o seu crescimento profissional, mas se você tiver alguma outra dica para contribuir com a nossa comunidade, comente logo abaixo. Isto é muito importante para todos.