Green Bank, uma minúscula cidade na Virgínia do Oeste, EUA, é um lugar peculiar. Por lá, todo tipo de radiação eletromagnética, do micro-ondas do único restaurante do local a smartphones e pontos Wi-Fi, são proibidos por uma lei estadual. Motivo? Um grande radiotelescópio que precisa de silêncio absoluto para ouvir o universo.
O radiotelescópio Robert C. Byrd (na foto acima) é o maior do mundo de seu tipo e foi criado na década de 1950 para observar o universo de um jeito diferente. Vinte anos antes, Mike Holstine, da Bell Labs, havia descrito um ruído nas linhas telefônicas que ele disse ser obra “da Via Láctea”. Então o governo americano quis escutar melhor esse barulho. Em vez de funcionar como um telescópio tradicional que exibe imagens, o radiotelescópio “escuta” corpos celestes. Além de dar uma perspectiva diferente das pesquisas, com ele é possível observar pontos de escuridão absoluta no espaço. O Robert C. Byrd é tão sensível que conseguiria escutar um floco de neve caindo no chão.
O problema é que a sensibilidade na observação espacial também vale para cá. Era preciso um local onde não houvesse interferências. Em 1958 a FCC, espécie de Anatel dos EUA, criou a National Radio Quiet Zone, uma área com cerca de 3,5 km² que engloba Green Bank. A cidade, hoje com menos de 150 habitantes, passou a ser uma zona livre de radiação eletromagnética. Tudo em prol do radiotelescópio.