Embora a primeira temporada da série já tenha acabado lá na gringolândia, ela só começou agora por aqui (aos domingos, no TCM). Pra quem curte arte e história, “The Borgias” é um prato cheio. E se o seu negócio é outro, como conspirações, assassinatos, tramas, luxúria e casos verídicos, então a série é ainda mais perfeita para você.
Se você nunca ouviu falar deles, aqui vai um rápido resumo: Borgia é o nome de uma família espanhola (o nome original seria Borja, mas ao mudarem para Roma italianaram para Borgia) que esteve no comando do Vaticano durante muitos anos, graças a eleição papal de Rodrigo Borgia, ou para os mais íntimos: Alexander VI.
O cara foi Pontífice no Renascimento, o período mais incrível da história. Era considerado muito atraente pelas mulheres, das quais muitas foram suas amantes e deram nove filhos para ele (entre assumidos e outros ilegítimos). A mais famosa amante foi Giulia Farnese, viúva de Orsino Orsini (parente do Cardeal Giambattista Orsini, assassinado por Cesare Borgia, filho do Papa).
Cesare também é conhecido como o ícone inspirador de Maquiavel para o livro “O Príncipe”.
A putrefação da igreja nesse período é famosa, e existe até uma carta aberta ao público, na qual Pio II censurava o Papa Borgia por promover uma festa orgíaca que botou Siena abaixo. Na época o Papa se defendeu: disse que foi uma recepçãozinha ao ar livre, com pró-seco, canapés e música ao vivo… amém?
The Borgias dá uma aula “prática” sobre história renascentista.
“The Borgias” mostra de forma teatral toda a corrupção da Santa Igreja, as desavenças entre os Principados (como a Itália não havia um governo único, suas cidades funcionavam como reinados independentes) e o jogo de poder e interesse entre as famílias. Personagens históricos permeiam tudo isso, como Maquiavel, Lucrécia Borgia, Girolamo Savonarola e o Rei Charles VIII. E a construção dos personagens e figurino seguindo os retratos famosos de cada um deles é memorável:
Outro ponto incrível vai para o set de filmagens e as recriações em computação gráfica de cenários que não existem mais: como a Antiga Basília de São Pedro. Reparem no desenho da época e na arte da série. Ao menos o telhado é bem fiel, não?
E embora “The Borgias” seja recheada dessas surpresas, não quero estragar com spoilers para vocês. Comentarei apenas mais dois casos que me impressionaram: A recriação do momento em que Giulia Farnese é retratada por Raffaello Sanzio com o cabritinho no colo, e a abertura da série.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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