Artigo por Brian Requarth*
No último dia 30, a Prefeitura de São Paulo divulgou o decreto de aprovação do projeto Tech Sampa – que pudemos acompanhar aqui pelo Startupi. Esta é uma iniciativa interessante para fomentar o desenvolvimento de um cenário de empreendedorismo digital na cidade. Talvez até atrasada, se pensarmos em fatores como oportunidades de negócios, volume de potenciais clientes e proximidade às principais universidades do País, que beneficiam São Paulo em relação a outras cidades brasileiras que já possuem políticas semelhantes.
Eu me pergunto, entretanto, se este é o papel que a prefeitura deve cumprir no incentivo ao empreendedorismo. Concordo que ainda temos no Brasil uma carência de investimentos para o setor e que o governo está tentando supri-la de alguma forma.
Cada vez menos, porém, acredito que recursos externos sejam o ponto fundamental para o crescimento de uma empresa de internet nos dias de hoje, ainda mais oriundos da iniciativa pública. Hoje os investimentos para se iniciar uma empresa – principalmente de internet – foram muito reduzidos, pela diminuição, por exemplo, dos custos de manutenção de servidores (graças ao armazenamento em nuvem) e pela possibilidade de terceirizar mão de obra (com crowdsourcing e freelancers).
Mas meu maior questionamento é se o setor público será capaz de acompanhar o dinamismo do nosso mercado, em que produtos e serviços mudam rapidamente e há uma necessidade de adaptabilidade muito grande. É muito difícil, mesmo para quem já está envolvido no setor, identificar quais são as ideias mais promissoras e os produtos e serviços que conseguirão se consolidar no mercado. Não acredito que em curto prazo o setor público seja capaz de entender as especificidades do meio e as melhores oportunidades para os projetos que irá financiar.
Apoiar novas startups é muito mais papel do setor privado, inclusive pela possibilidade de contribuição que esses investidores podem proporcionar aos novos empreendedores. O mesmo vale para quem recebe o investimento: contar com a experiência de quem já empreendeu no setor privado e a flexibilidade desses investidores são fundamentais para dar espaço a inovação. Uma pena que o setor privado – logo ele – não assuma esses riscos.
Não se pode, entretanto, fechar os olhos e negar que vão sair bons projetos e empresas de sucesso a partir do Tech Sampa. Que seja, então, mais uma ferramenta para fortalecer a rede de empreendedorismo que já existe em São Paulo e no Brasil – e que, de certa forma, desperte a atenção do setor privado para o papel que não está cumprindo.
Artigo por Brian Requarth, fundador e CEO do VivaReal.
O post Tech Sampa: setor público conseguirá acompanhar dinamismo do mercado de startups? apareceu primeiro em Startupi.com.br.