Imagem do aplicativo para uso no iPad
Quando o prêmio de melhor Curta-Metragem de Animação foi anunciado, na noite de domingo, pouca gente prestou atenção: o que todo mundo queria era saber se “O Artista” seria ou não o grande vencedor da noite ou se Meryl Streep iria ganhar seu milionésimo Oscar. Nem mesmo os comentaristas se deram conta de que, ao conceder o prêmio ao curta “The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore”, a Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood estava fazendo história. Pela primeira vez, um dos premiados na cerimônia mais importante do cinema era um produto multiplataforma. Explica-se: “The Fantastic Flying Books…” é uma encantadora animação para crianças – mas é também um sofisticado aplicativo para iPad.
A história do amante de livros que vê sua vida virar de ponta cabeça quando um tornado atinge sua cidade é uma criação de William Joyce, ilustrador e animador que já trabalhou para Pixar, Dreamworks e Disney. Há dois anos, ele se juntou a Brandon Oldenburg para criar a Moonbot Studios, uma startup de Shreveport, Lousiana (EUA). Com pouco dinheiro para investir em tecnologia, a dupla decidiu que seu primeiro produto seria um curta. Inspirado no furacão Katrina, e na sua paixão por livros, Joyce criou uma fábula que mistura “O Mágico de Oz” com “A Vida em Preto e Branco”. É possível assistir ao curta em sites de compartilhamento como YouTube.
Pouco depois do lançamento do filme, eles finamente juntaram fundos suficientes para investir em seu projeto mais ambicioso: transformar “Fantastic Flying Books…” em um aplicativo para iPad. No tablet, a história funciona como um livro interativo, em que cada página possui uma interface diferente – é possível, por exemplo, fazer as casas virarem durante o tornado ou interagir com a música tocada durante a aventura. Até agora, o aplicativo vendeu 55 mil cópias na iTunes App Store.
O mais irônico dessa história? Joyce e Oldenburg usaram a plataforma digital mais cultuada dos últimos tempos para contar uma história que é, essencialmente, uma homenagem ao passado. Nesse sentido, “The Fantastic Flying Books…” talvez seja a produção que mais se assemelha ao filme do ano, “O Artista”. Nas duas obras, a tecnologia existe apenas para nos lembrar o quanto a arte pode ser apaixonante – seja a arte da literatura ou a do cinema.