Os óculos de realidade virtual nem chegaram ao mercado, mas já sabemos que eles podem causar enjoos e não são poucas as pessoas que podem “pedir para descer” — eu mesmo mal consigo assistir a um filme 3D sem passar mal, imagina com um VR, então.
O enjoo acontece porque parte do cérebro acredita que o corpo está em movimento, quando na verdade não está. Na realidade virtual o cérebro antecipa um movimento que o corpo não vai fazer. Um princípio parecido ocorre em carros: quem passa mal é o passageiro, dificilmente o motorista, já que o movimento pode ser antecipado por quem dirige, mas geralmente o passageiro não consegue fazer o mesmo, já que está em posição passiva. Quando um movimento não é antecipado pelo sistema de percepção do corpo, o enjoo pode acontecer.
Mas um estudo da Faculdade de Tecnologia de Purdue, em Indiana, EUA, mostra que existem maneiras de diminuir parte desse enjoo. A pesquisa liderada por David Whittinghill, professor assistente da faculdade e diretor do Laboratório de Jogos e Inovação, tenta criar um modelo que permita aos desenvolvedores prever o nível de enjoo que um VR poderá causar. Evidências obtidas com esse estudo mostram que o enjoo diminui quando existem objetos fixos na simulação, como a cabine de um avião ou o console de um carro de corrida, por exemplo, pois eles servem como um alerta para o cérebro. “Mas você não pode colocar uma cabine de avião em toda simulação de realidade virtual”, disse ao Engadget.
Como uma alternativa para a cabine, Bradley Ziegler, um dos estudantes da equipe, sugeriu que um nariz virtual fosse inserido nas simulações. Eles reescreveram o códigos de algumas demonstração do Oculus, como o Tuscany Demo e o RiftCoaster, e inseriram o nariz virtual exatamente onde o nariz do usuário é posicionado. Um teste com 40 usuários reduziu o enjoo em 13,5%. E o mais engraçado: muitos dos que testaram o produto não chegaram a perceber que um nariz foi inserido no VR. Os pesquisadores precisaram mostrar a dela a uma cerca distância para que eles pudessem perceber o nariz virtual.
Os testes foram feitos com o DK1, o primeiro modelo do Oculus que causa muito mais enjoo que o sucessor, o DK2. O estudo foi apresentado mês passado na GDC e a equipe pretende seguir fazendo testes em outros modelos de VR.
O nariz virtual ainda está em fase inicial, mas não deixa de ser uma solução barata e fácil e eu é que não vou ser contra um narigão digital se ele significar que posso usar a realidade virtual passar mal. [Engadget, Phys]
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