Você certamente já ouviu falar várias vezes sobre como o cérebro humano é absurdamente complexo. Mas uma nova descoberta de cientistas japoneses e alemães pode enfim deixar isso o mais claro possível.
Usando os quase 83 mil processadores de um dos supercomputadores mais poderosos do mundo, a equipe foi capaz de imitar apenas 1% de um segundo de atividade cerebral humana – e isso levou 40 minutos.
Por que é tão difícil para os computadores reproduzir o que sua massa cinzenta faz o tempo todo? É o volume. O cérebro humano é composto por cerca de 200 bilhões de neurônios, que estão ligados entre si por trilhões de conexões chamadas sinapses.
Como os pequenos impulsos elétricos transitam entre cada neurônio, eles precisam viajar através destas sinapses, e cada uma delas contém cerca de 1.000 desvios diferentes que encaminham o impulso elétrico. No total, um cérebro humano pode conter centenas de trilhões dessas vias neurais.
Aí entra o computador Fujitsu K. Ele já não é o mais rápido do mundo: estava no topo do ranking mundial em 2011, e agora está em quarto lugar – mas ele ainda é extremamente poderoso. Para imitar um valor relativamente minúsculo de inteligência, os pesquisadores utilizaram o Fujitsu K para ligar um total de 1,73 bilhões de neurônios virtuais através de 10,4 trilhões de sinapses virtuais (com 24 bytes de memória em cada sinapse).
No total, isto resultou em um petabyte de memória, equivalente a cerca de 250.000 PCs comuns. Mas a simulação demorou 40 minutos para rodar completamente. Lembre-se, isso ainda é apenas 1% do que o seu cérebro faz todos os dias, no tempo que leva para piscar o olho algumas vezes.
Alguns cientistas, no entanto, esperam que isso mude, e logo. Para Markus Diesmann, do Instituto de Neurociência e Medicina no Forschungszentrum Julich (Alemanha), poderemos usar computação em exa-escala – capaz de 1 quintilhão (10^18) de operações por segundo – ainda nesta década para representar todo o cérebro “no nível do neurônio e suas sinapses”. Se vamos ou não realmente chegar à computação em exa-escala até 2020, no entanto, ainda está em debate.
Segundo o Riken, instituto japonês de pesquisa, este exercício foi feito simplesmente para “testar os limites da tecnologia de simulação desenvolvida no projeto e as capacidades do K”. Mas se é preciso tanta potência para chegar a apenas um segundo do que uma pessoa pode fazer sozinha, isso deve acalmar os medos de a Singularidade estar próxima – pelo menos por enquanto. [CNET]