Quase 6 anos após o estranhíssimo Ode to J Smith, o Travis finalmente regressa com um disco que parece ter sido feito em 1997, quando a banda efervescia com criatividade e identidade. E, com essas características, ajudou a definir a cara e as texturas do que se convencionou chamar de Britpop desde os anos 90 até hoje.
Logo de cara, já na primeira faixa, a banda faz um mea culpa: “Why did we wait so long?”
Soa como um pedido de desculpas aos fãs que ficaram abandonados por tanto tempo. Ou talvez ele só esteja querendo dizer que nem eles sabem o porquê de terem ficado esse tempo longe, já que adoram o que fazem.
Where You Stand é o Strangeland do Travis. É o disco que marca o retorno da banda às suas origens – e ao que os caras realmente sabem fazer – depois de algumas tentativas frustradas de mudança de direção. Com o Keane foi igualzinho: Perfect Symmetry e Night Train flertavam com o experimentalismo e obtiveram resultados de gosto duvidoso. Até que no ano passado veio o Strangeland, um primor absoluto.
E a trajetória do Travis foi parecida. Ode foi um disco esquisito – não parecia Travis – e este tempo de descanso parece ter feito bem à banda. O primeiro single, Moving, é o Travis glorioso de sempre, e a faixa título é a música que o Snow Patrol sempre quis fazer mas nunca conseguiu.
O disco tem vários momentos belíssimos como Mother, In a Different Room e Reminder. Tão maduro que parece uma aula. E mesmo as menos inspiradas mostram uma banda empolgada por estar de volta, e todo o álbum é marcado por esta energia que contagia ouvinte com satisfação.
Where You Stand é intimista, melancólico e agridoce. Uma homenagem do brit-pop para o brit-pop, feita para ouvidos pacientes e exigentes, sem pressa e sem preconceitos.
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Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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