Na boa: dá dó. Como diria aquele personagem do Picapau, “em todos esses anos nessa indústria vital” (15 anos, pasme) o que eu tenho visto de dinheiro jogado fora é um delírio. Já vi bancos, corporações, veículos e todo tipo de empresa correndo atrás do próprio rabo digital. Vai ver que é daí que vem a história do long tail: um rabo bem comprido pra ficar mordendo à vontade. Falando em rabos, quando eu era criança e esquecia de fechar alguma porta sempre havia algum grosseirão que dizia “não fechou pra não prender o rabo?”.
Pois bem, o cenário é esse: empresas correndo em círculos, portas sendo abertas sem ninguém fechar direito e, claro, uma fauna exótica de espertalhões se alimentando dessa insanidade. Eu me pergunto como é que essas empresas justificam essa verba toda jogada fora.
Eu tenho uma teoria: deve ter uma linha no Excel dos caras com a sigla M2 (leia-se me-too). A empresa X fez? Então eu faço também. Me too. Ou talvez a sigla seja outra, algo como PEPSO: Provisionamento Extraordinário Para Seguir a Onda. Ou VMVCAO: Verba Maria Vai Com As Outras. Ou… well, você pegou o espírito.
De onde vem esse desespero de seguir a moda? Portais megalomaníacos, tolices no Second Life, blogs chapa-branca, aplicativos inócuos pra meia dúzia de curiosos, joguinhos idênticos a outros joguinhos, monitoramento neurótico de redes sociais… Deve ter algo na natureza humana (ou corporativa, que mesmo não parecendo é humana, demasiadamente humana) que nos impele a seguir a onda. Somos uma espécie gregária, afinal, algo entre uma matilha e um cardume. Deve ser isso. Grite fogo no cinema pra você ver.
Pensando bem, acho que é isso o que os espertalhões vêm fazendo: gritando fogo por aí, apavorando os mais incautos, colocando os distraídos em polvorosa. Fogo! Geração Y! Tablets! Estão falando mal de você no Twitter! Fogo!!!
E dá-lhe dinheiro queimado à toa. Dinheiro virando… vapor. E, o que é mais curioso, gente orgulhosíssima por ter torrado mais que os outros.
(Outro dia desses eu disse a um repórter: meu desafio hoje é entender como ser relevante para o meu ecossistema e ajudá-lo a prosperar, não me interessam EGOssistemas).
Enquanto isso as Apple e Google e Amazon e Tecnisa da vida seguem muito à frente do rebanho, simplesmente por focarem no que importa: consistência, persistência, coragem, R&D, excelência, coisas que não deveriam jamais sair de moda. Mas well, evolução é isso aí, é abrir novas possibilidades. Evolução é pra poucos. Ser igual a todo mundo tem lá seu encanto, mas basta um meteoro (ou bolha) pra acabar com a festa dos dinossauros.
Quer uma boa vacina contra essa neura de conformidade? Assista a esse vídeo genial e repasse para quem você gosta:
René de Paula Jr. está teimando no mercado interativo há 15 anos. @renedepaula