Por Hugo Henrique Roth Cardoso
Da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia (UAIT), Sebrae Nacional
Você conhece o Modelo da Hélice Tripla (Triple Helix Modell)? Sabe o que isso tem a ver com inovação? A Hélice Tripla é um modelo desenvolvido por Henry Etzkowitz, dos Estados Unidos (EUA), e aborda a relação entre EMPRESAS, GOVERNO e UNIVERSIDADES na geração de conhecimento e inovação para o mercado.
Neste post, nosso foco não é desenvolver este modelo academicamente, mas assim abordar aspectos tangíveis e próximos à realidade da micro e pequena empresa.
Para abordar as formas de interação possíveis, devemos refletir sobre essa relação entre empresas, governos e universidades, que muitos observam com maus olhos já que parte das empresas usam indevidamente os conhecimento gerados na universidade.
Enquanto as empresas participam com conhecimento de mercado e demanda de novas criações, as universidades apresentam conhecimento latente aguardando oportunidades de uso e desenvolvimento. Os estudantes de nível superior são sedentos por experimentos práticos, por oportunidades de aplicar a teoria que aprendem. Entretanto, a falta de pressão por resultados positivos também é característica desse grupo. Se para uma empresa qualquer falha no desenvolvimento de um produto significa prejuízo e perda de competitividade, para os universitários a falha é aprendizado recolhido e consolidado, que posteriormente definirá novos experimentos. Na academia não existe fracasso, mas sim experimentos que não atingiram o resultado esperado.
Apoio governamental
O governo entraria, nesta relação, fornecendo suporte, seja política ou financeiro, para a realização destes projetos. Uma das principais formas de apoio disponíveis para o governo é financiando com venture capital a criação das empresas oriundas das cadeiras universitários e dos experimentos que foram realizados, principalmente daqueles que romperam fronteiras da ciência.
A fim de gerar escala e resultados para a micro e pequena empresa, a principal forma de aproximação vislumbrada é através da participação de projetos que agreguem grupos de empresas com demandas semelhantes. Com a escala gerada por esse grupo de empresas torna-se viável o investimento em pesquisa e desenvolvimento, como a geração de um filtro mais eficiente para cachaças artesanais ou linhas de produção mais qualificadas e materiais maleáveis para facções ou ainda estruturas mais resistentes para a construção civil.
Cada pequena empresa não é capaz de mobilizar uma universidade pela sua causa, mas grupos de empresas conseguem gerar esta demanda. Permitir que os universitários trabalhem nestes experimentos e por fim reparem seus resultados sendo aplicados pelas empresas, é capaz de gerar um ciclo virtuoso de inovação e desenvolvimento.
Claro, um reconhecimento financeiro pelas descobertas também é devido e tende a consolidar a parceria. Os universitários podem discordar, mas o que eles esperam ganhar pelas suas descobertas é muito inferior ao que pedem cientistas profissionais.