“O corpo político, assim como o homem, começa a morrer logo que nasce, e traz consigo as causas de sua destruição”.
Esta frase dialética e intrigante faz parte da obra de Rousseau, “Do Contrato Social”. Lembrei-me dela nesta semana que passa, ao assistir a troca de farpas e acusações entre membros Conselho Nacional de Justiça, iniciada pela corajosa e, até certo ponto verdadeira, declaração de Eliana Calmon, de que existem bandidos entre os juristas do CNJ.
Lembro-me desta frase a cada absurdo que assisto na mídia. Seja a reeleição de uma figura como José Sarney à presidência do Senado, ou a sobrevida política de um personagem como Fernando Collor. Ou ainda quando vejo Ministros e outros importantes membros do Governo sorrindo ao prestigiarem o lançamento do livro de José Dirceu, figura que andou na corda bamba de um dos maiores escândalos de corrupção deste país.
A indignação do presidente do CNJ com a declaração feita vem do fato de que em nosso universo de governo perdeu-se a noção de que corrupção e favoritismo com recursos públicos são crimes. É imoral e é feio. A memória pública é fraca e permissiva. Permite que bandidos circulem na estrutura de Estado, favorecidos pelo calar e pela vergonhosa impunidade deste país.
Pois bem, se há verdade e sabedoria na frase de Jean-Jacques Rousseau, esta estrutura morrerá por sua própria corrosão, mas, se queremos falar em desafio aos Y, meus queridos jovens de tão promissora geração, aí vai:
Criem algo novo! Uma nova estrutura de Estado que possa renascer das cinzas do atual sistema, que impede este país de amadurecer, ainda que seus índices econômicos estejam bem. O Brasil está em um momento especial, no qual desponta como uma das estrelas brilhantes do mundo. Mas sem ilusões: muito falta a amadurecer, pois seguimos como um país adolescente e com pouco compromisso com a seriedade, ainda que agora sejamos um jovem endinheirado.
Sigo vendo poucos jovens na política e sigo esperando que se manifestem e apareçam lutando pelo direito de governar melhor este país, com mais seriedade e mais compromisso com o bem público.
Você está pensando em fundar uma ONG? Mude de planos e candidate-se. Podemos mudar o mercado, mas precisamos também mudar este país.
Marcio Svartman é consultor, publicitário, mestre em psicologia, palestrante, fuçador e questionador. É um dos idealizadores da SatyaWork Desenvolvimento Organizacional e autor do livro “Você pra mim é problema seu”.