Rio de Janeiro – Como verificar a integridade de equipamentos a três mil metros de profundidade? A Ativa Tecnologia e Desenvolvimento venceu o desafio lançado pela Petrobras ao criar um sistema por ultrassom que detecta anormalidades, como fissura, trinca ou corrosão. O trabalho dessa empresa carioca, em parceria com o Laboratório de Tecnologia de Materiais e Corrosão do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), é inédito no mundo e representa um avanço importante.
“Imagine uma cidade submersa onde existem diversas estruturas e quilômetros de dutos que exigem inspeção constante. Os ROV – sigla em inglês para robôs subaquáticos controlados remotamente – são os operários que precisam de ferramentas para o trabalho. Foi exatamente isso que fizemos ao projetar a Crab Tool, instrumento especial que é acoplado ao braço robótico do ROV e permite não só checar a exata dimensão de um problema como antecipá-lo”, afirma Daniel Camerini, que comanda a empresa com o sócio Rodrigo Ferreira.
Hoje, segundo o engenheiro, a inspeção feita por vídeo ou magnetismo é limitada e, muitas vezes, só se descobre um problema quando a estrutura já está comprometida. O sistema desenvolvido pela Ativa é tão sofisticado e preciso que é possível identificar trincas de até três milimetros em parafusos. A Crab Tool foi testada com sucesso em dutos submarinos a dois mil metros de profundidade e, agora, esse produto está na fase de concessão de patente em nome da empresa e da Petrobras.
A Ativa é uma das integrantes do convênio firmado entre o Sebrae no Rio de Janeiro e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). Para Camerini, isso representa acesso direto às demandas do setor e, em alguns casos, é possível contar com recursos financeiros para o desenvolvimento de projetos. “Sem isso, seria muito mais difícil para uma empresa de pequeno porte investir em tecnologias promissoras”, reforça.
Criada em 2007, a empresa tem no currículo uma série de inovações voltadas para inspeção e monitoramento de equipamentos de produção e exploração de petróleo em águas profundas. Mas, nem por isso, descuida dos aspectos práticos do negócio. “Contamos com o Sebrae para dominar a gestão empresarial. Cálculo de custos, estimativas de preços e até documentação fazem parte de um aprendizado tão fundamental quanto o conhecimento técnico. Uma empresa não pode crescer sem esse tipo de conhecimento, até para não comprometer as conquistas”, analisa Camerini.
O trabalho do Sebrae no Rio de Janeiro, em parceria com o Cenpes, é um dos desdobramentos do convênio nacional Sebrae/Petrobras, celebrado em outubro de 2004 e que promove a inserção das micro e pequenas empresas nessa cadeia produtiva. A iniciativa é parte do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Promimp).
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