Hoje, num intervalo de minutos, o Brasil ganhou duas grandes lojas de e-books: a Amazon enfim desembarcou no país, enquanto o Google Play expandiu seu catálogo com livros e filmes.
Mas com tanta novidade surgem diversas dúvidas. Onde é melhor comprar e-books? Qual e-reader devo comprar? Já tenho uma conta americana da Amazon, como faço? Vamos respondê-las uma a uma neste post.
Onde eu posso comprar e-books no Brasil?
Com a estreia da Amazon e do Google Play em e-books, é fácil esquecer que já tínhamos diversos outros lugares onde comprar livros digitais. A Livraria Cultura vende e-books e até um e-reader, o Kobo Touch. A iBookstore, da Apple, está disponível em Macs e dispositivos iOS com livros em português e outros idiomas. Saraiva, Submarino e iba (da Abril) também vendem e-books.
Ainda temos a Gato Sabido, primeira loja do Brasil a vender livros digitais, além de Livrarias Curitiba, Buqui, Livraria da Travessa e Mundo Positivo.
Qual das lojas é melhor?
Isso depende de qual dispositivo você vai usar para ler o e-book. Por quê? No geral, a Amazon tem o melhor catálogo e o melhor preço em e-books, mas você não pode lê-los em qualquer e-reader.
Para testar a força do catálogo, a Info procurou sete e-books populares em várias lojas diferentes. Eles só conseguiram encontrar todos na Amazon – e sempre por preço igual ou menor que na concorrência.
Na Amazon Brasil, são 13.000 livros em português, e mais de um milhão em outros idiomas. A Livraria Cultura oferece um catálogo com 12.000 títulos em português, mais 1 milhão em outras línguas. E no Google Play, você encontra 10.000 livros em português mais 25.000 em outros idiomas.
Mas atenção: se você tem um e-reader que não seja o Kindle, você não poderá ler e-books comprados na Amazon. Vai ler no tablet ou no smartphone? Então sem problema: a Amazon oferece apps para tanto.
Outras lojas vendem e-books em formato ePub. É o caso da Livraria Cultura, Saraiva, Submarino, Google Play e iBoostore, por exemplo. Algumas das lojas também vendem e-books em formato PDF/Adobe Digital Editions. Mas se você pensa em comprar livros em ePub, atenção: o Kindle não tem suporte a esse formato. (Ele suporta PDF, no entanto, desde que não tenha DRM.)
Quero baixar e-books de graça, mas onde?
Sem levar em conta livros pirateados, você tem um acervo enorme de livros gratuitos ou em domínio público para baixar.
A Amazon oferece mais de 10.000 livros de graça, tanto em português como em outros idiomas. O Google Play tem uma seção de livros grátis, porém mais tímida, com cerca de 100 livros. A Livraria Cultura oferece cerca de 20 livros a zero real, e promete mais 1 milhão deles vindos do catálogo da Kobo.
Você também pode baixar livros em domínio público. No Brasil, o Ministério da Educação mantém o Domíniopúblico.gov.br, com a obra completa de Machado de Assis, as letras de música de Noel Rosa e outros clássicos brasileiros. E no exterior, temos o Internet Archive e o Project Gutenberg (com mais de 36.000 e-books).
Já tenho uma conta americana da Amazon. Posso trocá-la para a versão BR?
Pode, com algumas ressalvas. A Amazon explica tudo, tintim por tintim, nesta página. Basicamente, se você já comprou e-books na conta americana, eles ainda ficarão disponíveis para você – nada muda. Se você comprou apps e games (o que só é possível no Brasil via VPN), eles também permanecem disponíveis.
Se você comprou outros itens digitais, no entanto, é preciso ficar atento. A Amazon vai cancelar assinaturas de revistas e jornais feitas na conta americana, reembolsando o valor proporcional. Músicas e vídeos comprados não ficarão mais acessíveis – você precisa baixá-los antes.
Vai fazer a troca? É só clicar no botão “Transferir minha conta” nesta página e pronto. Mas se você já tem um Kindle, atenção: é possível que seu aparelho não consiga acessar a loja brasileira. É o que aconteceu com Cristina de Luca, do IDGNow. Felizmente, a solução é bem simples: trocar de país.
Sim, é possível alternar entre as lojas brasileira e americana: assim, você pode comprar e-books pelo menor preço, por exemplo. Na Amazon Brasil, basta ir em “Gerencie seu Kindle”, “Configuração de país” e trocar para a outra loja. Por enquanto, você pode trocar de país na Amazon quantas vezes quiser.
Vale a pena comprar um leitor de e-book?
Você não precisa ter um leitor de e-books para ler e-books. No entanto, vale a pena comprar um caso você leia bastante – a menos que você tenha um tablet.
Google Play, Amazon, Livraria Cultura e outras fornecem apps para iOS, Android, PC e Mac que permitem ler e-books no seu smartphone, tablet ou computador. Você pode ler em um dispositivo e continuar em outro, a partir da página onde você estava.
Mas se você quer ler bastante, é melhor comprar um dispositivo dedicado. Ler no PC é incômodo, e a tela pequena do smartphone pode ser um problema. A melhor alternativa é o tablet ou o e-reader: mais espaço para o livro, e um formato melhor de segurar.
E entre um e-reader e um tablet, qual escolher? Como a tela LCD não cansa a vista mais do que o e-ink, esta é uma pergunta válida. Bem, se você quer ler sem distrações e gastar pouco nisso, leve um e-reader. Se você pretende gastar mais para ter mais funções – jogos, por exemplo – leve um tablet.
Se você decidir comprar um e-reader, veja a seguir qual é o melhor para você.
Vale a pena comprar o Kindle? E o Kobo Touch?
O Kindle será vendido no Brasil “nas próximas semanas” por R$299. Ele oferece tela e-ink de 6″ – sem touchscreen nem teclado físico – e pesa 170g. Ele comporta até 1.400 livros, mas não tem entrada para cartão SD – só os 2GB de memória interna. Com Wi-Fi embutido, você compra e recebe e-books direto do aparelho, sem precisar de cabos.
Reviews mencionam que o Kindle possui uma tela ótima, é bem pequeno e portátil, e sua bateria dura até um mês. Entre os problemas, estão a dificuldade em usar o teclado virtual – você precisa usar o botão direcional para tanto – e a pouca ergonomia dos botões laterais para trocar de página. Mas dá para superar isso pelo preço… nos EUA, onde ele custa até US$89 (cerca de R$190). Por R$299, no entanto, essas desvantagens começam a pesar.
O Kobo Touch, por sua vez, custa R$399 e já está disponível na Livraria Cultura. Ele possui tela e-ink de 6″ sensível ao toque (através de infravermelho) e pesa 200g. Ele tem 2GB de memória e entrada para cartão SD de até 32GB. Ele também possui Wi-Fi embutido, e você pode comprar e baixar livros sem usar o PC.
Reviews elogiam seu design compacto e confortável de segurar, suporte a vários tipos de arquivo, touchscreen responsiva e bateria que dura mais de um mês. As críticas se concentram no software, que pode ser um pouco lento, e o catálogo reduzido em relação à Amazon. Não é possível ler livros da Amazon no Kobo Touch.
Então qual vale a pena? Se você quer a biblioteca enorme de conteúdo da Amazon, leve o Kindle. Se você não se importa em comprar livros em outras lojas, o Kobo Touch parece superior.
Mas talvez valha a pena esperar por e-readers melhores. O Kindle Paperwhite, por exemplo, é muito bom: touchscreen e-ink iluminada, maior resolução de tela e toque capacitivo (melhor que infravermelho). E a Livraria Cultura trará ao Brasil o modelo Kobo Glo, com iluminação embutida, maior resolução e toque capacitivo. Então a menos que você queira um e-reader agora, é melhor esperar por outros modelos do Kindle e da Kobo.
Quais formatos de arquivo o Kindle lê? E o Kobo Touch?
O Kindle permite ler e-books em formato MOBI, PDF e TXT de forma nativa (basta enviar por USB); e DOC, DOCX, HTML e imagens através de conversão. Para converter arquivos, é preciso enviá-los à Amazon por e-mail (instruções aqui): você os recebe direto no Kindle via Wi-Fi.
Ler PDFs no Kindle, segundo o Engadget, é “desajeitado e lento” como em outros e-readers: você navega dando e tirando zoom na página; o texto não se ajusta sozinho na tela.
Uma desvantagem: ele não lê arquivos ePub de forma nativa. Você terá algum trabalho para ler, no Kindle, livros vendidos em outras lojas. É possível colocar ePubs no Kindle, mas usando o software Calibre. O mesmo vale para quadrinhos: o Kindle não tem suporte a arquivos CBR e CBZ, mas você pode convertê-los.
O Kobo Touch, por sua vez, lê ePub, assim como PDF, MOBI, TXT, RTF, HTML, imagens e até quadrinhos em CBZ e CBR. No entanto, ele não lê livros da Amazon: estes são exclusivos para o Kindle (e seus apps).
Ler PDFs no Kobo Touch, segundo o Engadget, “não é um processo exatamente rápido” por exigir zoom e navegação dentro da página – o texto não se ajusta à tela. O tamanho da tela (6 polegadas) também é um fator limitante.
OK, livros são legais, mas quando teremos a Amazon completa no Brasil, vendendo produtos físicos?
Acredita-se que a Amazon, após alguns atrasos, traga sua operação de venda física ao Brasil até junho de 2013 – isso incluiria livros, DVDs, jogos e mais. Rumores apontam que ela pode comprar o Submarino e/ou a Saraiva para conseguir isto. A empresa já abriu diversas vagas no Brasil, envolvendo cargos de conteúdo digital, armazéns e logística. Então se você quer uma Amazon ainda maior, fique no aguardo.
Sobrou alguma dúvida? Tem alguma sugestão? Conte abaixo nos comentários.
Foto por misschristi1972/Flickr