Os especialistas concordam: não treine duro demais. Isso prejudica o seu desempenho. Aqui está a prova
Uma série de experiências recentes sobre a ciência do esforço traz uma boa notícia para os preguiçosos: treinar duro demais é inútil, ou mesmo contraproducente.
Em uma reportagem do The Guardian, Olivier Burkeman deu um nome para esse fenômeno. O efeito irônico é o nome desse resultado perverso que acontecer com o esforço excessivo.
Citando o psicólogo Dan Wegner, de Harvard, Burkeman explica:
Fazemos uma nota mental para não mencionar um ponto em uma conversa e, quando percebemos, acabamos falando justamente sobre ele. Nós levamos uma taça de vinho cuidadosamente pela sala, o tempo todo pensando em não derramar e, em seguida, derrubamos o vinho no tapete.
Na verdade, esse entendimento não é algo novo. Uma revisão da pesquisa acadêmica ao longo do tempo identifica alguns momentos em que não devemos nos esforçar demais.
Quando estamos nos concentrando em uma tarefa
Em um estudo de 1998 sobre como tentar ser dedicado demais ter o efeito contrário, Wagner e sua equipe da Universidade da Virgínia tinham como experimento segurar um pêndulo sobre uma grade de vidro.
Um grupo foi instruído simplesmente para segurar o pêndulo, uma tarefa moderadamente desafiadora que exige controle motor fino, enquanto um outro grupo foi orientado a deixar que o pêndulo não girasse no eixo horizontal.
Como os pesquisadores previam, o grupo que recebeu as instruções mais específicas tiveram menos sucesso.
Quando você quer perder peso
Em um estudo de 2005, uma equipe de psicólogos da Universidade de Toronto recrutaram uma centena de estudantes e os dividiu em 3 grupos.
A um grupo foi dado instruções rigorosas para evitar chocolate por 1 semana. Para o outro foi vetado alimentos com baunilha e, ao último não foi dada nenhuma restrição alimentar.
No final da semana, quando os estudantes foram levados para o laboratório e oferecidos alimentos. Os que tinham sido privados de chocolate consumiram mais chocolate do que os outros grupos.
O mesmo princípio foi sugerido como o culpado por padrões alimentares pouco saudáveis.
Quando os pesquisadores observaram 39 mulheres com bulimia e monitoraram seus hábitos, descobriram, por exemplo, que por vezes, faziam exageros alimentícios após períodos de dieta rigorosa, destruindo seus ganhos.
Quando você está competindo em um jogo
Há 2 teorias contraditórias sobre o porquê os atletas fracassam quando mais importa: eles se distraem e perdem o seu foco, ou eles se concentram demais (o efeito irônico). Um estudo realizado em 2001 pela Universidade do Estado de Michigan pelos psicólogos Sian Belock e Thomas Carr revelou que é a expressão que vem do monitoramento explícito de desempenho que prejudica o desempenho.
O estudo separou os atletas em 3 grupos e os ensinou a executar uma tarefa. Os grupos a praticaram em condições diferentes. Quando todos os grupos tinham alcançado um nível semelhante de competência, os pesquisadores deram a eles a tarefa em uma situação de alta pressão, onde foi oferecido um incentivo financeiro para o melhor desempenho.
Apenas o grupo que aprendeu a ficar auto-consciente sobre a tarefas conseguiu melhorar o seu desempenho, e os outros grupos tiveram um desempenho significativamente pior.
Os autores concluíram que os atletas treinados quando se tornam auto-conscientes e pensam muito sobre os movimentos que precisam realizar ficam no caminho de sua própria memória e diminuem suas chances de sucesso.
A pressão aumenta a consciência e a ansiedade sobre como executar corretamente uma tarefa, o que aumenta a atenção dada aos processos de habilidade e seu controle passo-a-passo. Nesse nível de atenção, a performance treinada chega a ser atrapalhada pelo excesso.
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Este artigo foi adaptado do original, “Experts Agree: Don’t Try Too Hard”, da NewRepublic.