As pessoas, ao que tudo indica, são excepcionalmente boas em racionalizar a sua própria desonestidade
Economistas comportamentais têm alguns truques para garantir que as pessoas se comportem melhor.
Dan Ariely é um economista comportamental conhecido por seu best-seller “Predictably Irrational” em que ele mostra como os seres humanos – e os mercados – são muito menos racionais do que podemos imaginar.
Em seu último livro, ele assume a questão do por que as pessoas se comportam de forma desonesta e conclui novamente, que não é do jeito que pensamos.
As pessoas não fazem uma análise de custo benefício antes de mentir, ou tirar vantagem sobre alguma coisa, como comumente pensamos.
Essas pessoas usam a psicologia cognitiva flexível para pensar em si mesmo como uma pessoa honesta, assegurando ao mesmo que consigam tirar tanta vantagem quanto possível.
Afinal, muitas vezes essa pessoa está inserida em um ambiente – seja familiar ou empresarial – que a fazem agir dessa maneira, sem muitas vezes conseguir compreender que está sendo completamente desonesta.
A chave é a racionalização para que com isso seja possível manter uma distância psicológica das consequências.
O vídeo abaixo é uma animação de uma palestra de Ariely, intitulada “The (Honest) Truth About Dishonesty”, e é muito divertida com inúmeros exemplos práticos.
Como explicar a origem da desonestidade?
A distância explica alguns negócios relacionados com a desonestidade. Por exemplo, os banqueiros podem racionalizar a manipulação da taxa de juros porque eles não estão nem perto das pessoas que vão pagar o preço mais caro para a sua hipoteca.
Além do mais, fica mais fácil se outras pessoas também estão fazendo isso ou, por exemplo, se há uma causa maior, como a caridade.
Após tentar entender o que motiva as pessoas a agirem desonestamente, Ariely fez diversos experimentos para descobrir o que fazer para reduzir isso. Algumas soluções realmente parecem funcionar.
Nem todas as pessoas são desonestas para prejudicar os outros. Muitas vezes elas estão apenas querendo o seu próprio benefício. Nem todas as pessoas estão contra as outras. Muitas vezes elas apenas estão a favor de si mesmas.
A cura para a desonestidade
Dê às pessoas a capacidade de se confessarem regularmente, pois a oportunidade de dizer o que fizemos de errado para termos um novo começo é muito poderosa. Lembretes regulares de padrões morais com códigos de honra também funcionam.
Promova no seu ambiente, sempre que possível a ética e a conduta honrada, uma vez que os exemplos precisam vir de cima.
Uma criança que vê o pai tirando vantagem no troco na padaria, quando crescer vai querer tirar a mesma vantagem porque viu o pai fazendo o mesmo a vida toda e, aquilo para ela é natural.
Porém, os blocos de construção de desonestidade no mundo empresarial são fortes conflitos de interesse, regras vagas e a capacidade de racionalizar.
O que precisa ser feito para aumentar a honestidade é atacar todos os 3 índices, tanto quanto pudermos, principalmente com atividades que sejam mais fáceis de racionalizar.
Tal como as finanças, por exemplo. A desonestidade foi uma racionalização especialmente fácil que acarretou na crise de 2008. Não que todos os banqueiros sejam desonestos, mas as condições também favoreceram a desonestidade.
“Todas as pessoas têm a capacidade de serem muito ruins. Na hora do jogo, criamos circunstâncias para que todos se comportem mal. A melhoria do sistema exige, portanto, mudar as estruturas de incentivo, tanto quanto punir as pessoas certas”, finaliza Ariely.
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Este artigo foi adaptado do original, “How Can We Make People More Honest?”, da FastCompany.