Brasília – O mercado brasileiro de moda movimenta aproximadamente U$ 50 bilhões por ano e projeta uma imagem positiva do país no exterior. Algumas características do setor, como criatividade, marcas consolidadas, mercado consumidor dinâmico e a força da indústria têxtil, despontam como vantagens para empreendedores da área. “O maior desafio, entretanto, é agregar valor às peças e qualificar a mão de obra para competir com produtos internacionais que invadem o Brasil”, explicou o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, que participa do Encontro Nacional da Carteira da Indústria da Moda, na sede da instituição, em Brasília.
Na abertura do evento, nesta terça-feira (20), o diretor-técnico do Sebrae falou sobre a cultura chinesa de copiar e clonar produtos, além de fabricar em grande escala para reduzir os custos. “O segmento da moda no Brasil não pode enfrentar a concorrência internacional pautado pela estratégia chinesa, que é baseada em elementos que não são compatíveis com a nossa realidade, como a subvalorização da mão de obra. A sociedade brasileira não quer isso”, destacou.
Para Carlos Alberto, o caminho para a moda no Brasil é vender produtos inovadores e com design diferenciado. “Estamos falando em agregar valor à produção. Inovação não significa onerar a fabricação das peças. Na realidade, trata-se de fazer diferente para fazer melhor”. Segundo o diretor, mesmo que outros mercados tenham o hábito de copiar, com a agilidade, flexibilidade e criatividade da moda brasileira, os concorrentes estarão sempre duas coleções atrás.
O presidente do Grupo Luminosidade e do Instituto Nacional de Moda e Design (In-Mod), Paulo Borges, também participou do evento. O In-Mod é parceiro do Sebrae em um convênio que visa inserir micro e pequenas empresas brasileiras no mercado de alto valor agregado da moda. Paulo Borges ressaltou que a estagnação de mercados consumidores na Europa e nos Estados Unidos e a estratégia chinesa de copiar produtos em grande escala aumentam o interesse internacional pelo mercado consumidor brasileiro. “O Brasil está na rota mundial da economia, consumo e cultura. Mas nós mesmos ainda não nos convencemos disso”, afirmou.
Paulo Borges defendeu ainda a criação de uma câmara setorial para regular o mercado de moda. “No Brasil, há liquidação a qualquer hora e isso é destrutivo para a moda. A câmara poderia criar regras para isso. Precisamos também de planejamento a longo prazo e de políticas públicas para fomentar investimentos. Nos últimos 30 anos, não tivemos política de desenvolvimento voltada para a moda no país”, constatou.
A dificuldade de encontrar mão de obra qualificada no Brasil também preocupa empresários do segmento. De acordo com Paulo Borges, a solução está na capacitação de profissionais, como os cursos oferecidos pelo Sebrae, e na conscientização dos empresários, que devem valorizar o trabalho de costureiras e modelistas. “As mães costureiras não desejam que suas filhas sigam o mesmo caminho. São profissões importantíssimas, mas que foram historicamente desvalorizadas. Essa realidade só pode ser mudada com qualificação e valorização do trabalho”, enfatizou.
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