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Política e Economia

A direita saiu do armário

Bolsonaro deu forte sinal de que adotará política mais liberalizante que a maioria dos governos desde 1930.


O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais surpreendeu os analistas. A grande renovação do Congresso Nacional, o crescimento inesperado do partido do candidato Jair Bolsonaro, o PSL, e a obtenção pelo candidato de 46% dos votos válidos foram as principais surpresas do primeiro turno. Somente um fato inesperado conseguirá tirá-lo da cadeira presidencial.

Caso este resultado se efetive, o Brasil “corre o risco” de ter um governo conservador na pauta de costumes (família, gênero, religião, etc.) e liberal na pauta econômica, o que será uma importante inversão em relação ao passado recente, quando os governos adotaram pautas liberais nos costumes e estatizantes na economia.

Em razão do histórico de votações e declarações do candidato do PSL, muitos analistas colocam em dúvida o caráter liberal da política econômica que será por ele adotada, caso eleito. Entretanto, ao escolher para coordenar seu programa um dos economistas mais liberais do País e dar a ele liberdade para desenhar o programa e compor a equipe, o presidenciável deu forte sinal de que deverá adotar uma política econômica liberalizante. Provavelmente, não tanto quanto seu economista preferido gostaria, porém mais liberalizante que a maioria dos governos pelo menos desde 1930.

Nossa expectativa é de uma política baseada na redução do tamanho do Estado e do déficit público, privatizações de empresas estatais (o candidato já descartou a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, empresas por ele consideradas “estratégicas”), manutenção das reformas liberais aprovadas pelo governo Michel Temer (teto para o gasto público, reforma trabalhista, terceirização, Taxa de Longo Prazo – TLP, entre outras), dar prosseguimento a reformas já enviadas ao Congresso (cadastro positivo, lei das agências reguladoras, etc.) e, em especial, implementar uma substancial reforma da Previdência Social.

Seria bastante positivo se o futuro governo apoiasse o projeto de reforma da Previdência que se encontra em discussão na Câmara dos Deputados, o que poderia viabilizar sua aprovação nesta Casa ainda este ano. Ainda que, aparentemente, este não seja o projeto dos sonhos da equipe do novo presidente, sua aprovação traria mais otimismo para os investidores e daria um fôlego adicional para o futuro governo.

A inflexão não deverá se restringir à economia. Ao longo da campanha, o Partido dos Trabalhadores (PT) tentou colar no candidato a pecha de fascista, racista, misógino e homofóbico. A menos que os eleitores brasileiros tenham essas preferências político-ideológicas, o resultado do primeiro turno mostrou que o esforço foi em vão.

A tentativa do PT de criar uma “frente democrática” contra Jair Bolsonaro no segundo turno, aglutinando os partidos derrotados, fracassou. O histórico de busca de hegemonia durante os 13 anos de poder, a leniência com a impunidade, o desprezo pelo Poder Judiciário e a campanha internacional difamatória contra as instituições democráticas brasileiras deixaram claro o perfil autoritário do partido, inviabilizaram a “frente” e geraram um forte sentimento anti-PT na sociedade.

Para a população, os destaques do programa de Jair Bolsonaro não são a misoginia, a homofobia, o fascismo, mas o fim da impunidade para crimes contra o cidadão, a propriedade e o Estado, a defesa do conservadorismo nos costumes e a redução do papel do Estado na economia. Foi esta plataforma, verdadeira ou não, que angariou o apoio de importantes setores da sociedade, tirou a direita do armário, trouxe de volta o contraditório – ausente há décadas no País – e reforçou a democracia. Afinal, sem contraditório não há democracia.

O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais surpreendeu os analistas. A grande renovação do Congresso Nacional, o crescimento inesperado do partido do candidato Jair Bolsonaro, o PSL, e a obtenção pelo candidato de 46% dos votos válidos foram as principais surpresas do primeiro turno. Somente um fato inesperado conseguirá tirá-lo da cadeira presidencial.

Caso este resultado se efetive, o Brasil “corre o risco” de ter um governo conservador na pauta de costumes (família, gênero, religião, etc.) e liberal na pauta econômica, o que será uma importante inversão em relação ao passado recente, quando os governos adotaram pautas liberais nos costumes e estatizantes na economia.

Em razão do histórico de votações e declarações do candidato do PSL, muitos analistas colocam em dúvida o caráter liberal da política econômica que será por ele adotada, caso eleito. Entretanto, ao escolher para coordenar seu programa um dos economistas mais liberais do País e dar a ele liberdade para desenhar o programa e compor a equipe, o presidenciável deu forte sinal de que deverá adotar uma política econômica liberalizante. Provavelmente, não tanto quanto seu economista preferido gostaria, porém mais liberalizante que a maioria dos governos pelo menos desde 1930.

Nossa expectativa é de uma política baseada na redução do tamanho do Estado e do déficit público, privatizações de empresas estatais (o candidato já descartou a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, empresas por ele consideradas “estratégicas”), manutenção das reformas liberais aprovadas pelo governo Michel Temer (teto para o gasto público, reforma trabalhista, terceirização, Taxa de Longo Prazo – TLP, entre outras), dar prosseguimento a reformas já enviadas ao Congresso (cadastro positivo, lei das agências reguladoras, etc.) e, em especial, implementar uma substancial reforma da Previdência Social.

Seria bastante positivo se o futuro governo apoiasse o projeto de reforma da Previdência que se encontra em discussão na Câmara dos Deputados, o que poderia viabilizar sua aprovação nesta Casa ainda este ano. Ainda que, aparentemente, este não seja o projeto dos sonhos da equipe do novo presidente, sua aprovação traria mais otimismo para os investidores e daria um fôlego adicional para o futuro governo.

A inflexão não deverá se restringir à economia. Ao longo da campanha, o Partido dos Trabalhadores (PT) tentou colar no candidato a pecha de fascista, racista, misógino e homofóbico. A menos que os eleitores brasileiros tenham essas preferências político-ideológicas, o resultado do primeiro turno mostrou que o esforço foi em vão.

A tentativa do PT de criar uma “frente democrática” contra Jair Bolsonaro no segundo turno, aglutinando os partidos derrotados, fracassou. O histórico de busca de hegemonia durante os 13 anos de poder, a leniência com a impunidade, o desprezo pelo Poder Judiciário e a campanha internacional difamatória contra as instituições democráticas brasileiras deixaram claro o perfil autoritário do partido, inviabilizaram a “frente” e geraram um forte sentimento anti-PT na sociedade.

Para a população, os destaques do programa de Jair Bolsonaro não são a misoginia, a homofobia, o fascismo, mas o fim da impunidade para crimes contra o cidadão, a propriedade e o Estado, a defesa do conservadorismo nos costumes e a redução do papel do Estado na economia. Foi esta plataforma, verdadeira ou não, que angariou o apoio de importantes setores da sociedade, tirou a direita do armário, trouxe de volta o contraditório – ausente há décadas no País – e reforçou a democracia. Afinal, sem contraditório não há democracia.

José Márcio Camargo – O Estado de S.Paulo
PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC/RIO, É ECONOMISTA DA GENIAL INVESTIMENTOS


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