Quanto mais praticamos os mantras, mais eles se entranham em nossa existência. Assim é com esse mantra que conheci há 10 anos e que vem fazendo cada vez mais sentido para mim. A qualidade do envolvimento carrega em si um potencial de muito expansão e crescimento. Talvez pela velocidade do novo, prestar atenção, ritualizar ou estar presente têm se tornado tarefas cada dia mais difíceis, daí a importância dos mantras e dos treinamentos. Mudança de verdade e criação de novos hábitos requerem vontade, desconforto e, principalmente, repetição, muita repetição. Na maior parte do tempo estamos atrás só do resultado e esquecemos do propósito. Buscamos uma meta pela simples vaidade de mostrar que somos capazes, esquecendo de tudo o que está pelo caminho; o prazer, o aprendizado. Principalmente quando as coisas não saem do jeito planejado.
Quer um exemplo banal? Uma maratona de 42 km exige dedicação, longos treinos, horas e dores para se tornar um percurso saudável e prazeroso. No entanto, as pessoas sempre perguntam: “Em que lugar você chegou?”, “Em quanto tempo fez?”. Até parece uma prova na qual é necessário bater algum recorde ou alcançar alguma marca especifica, quando o percurso é, sem dúvida, o mais importante.
Fomos criados e condicionados a chegarmos na frente dos outros, a vivenciar a competição como algo intrínseco às relações humanas. E atualmente vigora a competição desenfreada, aquela que carece de metas mensuráveis e parâmetros razoáveis. Para estabelecer uma corrida não se sabe bem o porquê, nem para onde.
Estar 100% focado, em um envolvimento verdadeiro, é um exercício de presença sem fim, no qual não existe linha de chegada. É ser capaz de estar inteiro numa reunião chatérrima (social, profissional ou familiar) e comer uma maçã não pensando em nada a não ser no ato de morder e mastigar. É simplesmente estar!
O envolvimento vale para tudo: trabalho e relações afetivas. É a forma como você digere o que coloca na boca, o que sai dela ou o que perpassa os seus pensamentos. Por mais contraditório que possa parecer, é aí que entra o baixo apego.
Estar presente em tudo o que fazemos significa entrar e sair inteiros e completar tudo a que nos propusemos fazer, ou seja, sem deixar nenhuma energia parada ou truncada. Ao fluir, nós não nos apegamos a nada, somos simplesmente a água que desce o rio. É bastante diferente da energia que sentimos ao nos prendermos às concorrências, às metas, às coisas que devem ser sempre do nosso jeito, pois do contrário podem nos levar aos diversos surtos da vida moderna. Em outras palavras, esse é o jeito que nos afasta da possibilidade de nos rendermos a algo poderoso e que muita satisfação pode nos trazer: a tal da realidade, que, em geral, estamos o tempo todo lutando contra. Então, minha sugestão é: ao invés do alvo, comece a mirar na própria experiência de estar vivo e estar inteiro em tudo o que está à sua volta. Você verá como as coisas vão mudar completamente de ângulo.
Boa jornada.
Marco Darvas é coach em produtividade pessoal.
