Vários empreendedores que encontro em eventos e online reclamam que não tem acesso a mentores e pedem ajuda neste sentido. A inspiração deste texto foi justamente a forma com que eu encontrei (e mantive) todos os mentores que tive em minha vida profissional. Eu nunca os chamei de mentores, pois não tínhamos praticamente nada do que existe hoje em termos de apoio a novos empreendedores no mercado.
Uma das coisas que aprendi logo cedo é que todos nós gostamos de pedir. Existe aquele sentimento que “merecemos” ajuda. E este é um sentimento que atrapalha muito a vida profissional de qualquer pessoa. Mais do que merecer, precisamos conquistar as coisas. Seja clientes, investidores e, obviamente, mentores. A grande maioria dos mentores que conheço recebe toneladas de pedidos de apoio. “Estamos buscando mentores para nos apoiar em X, Y, Z.” Grande parte destes mentores são extremamente ocupados (especialmente os bons), o que torna mais difícil a tarefa. Imagine quantos pedidos de mentoria um bom mentor recebe semanalmente. Como ele escolhe? Pela afinidade com a empresa? Por mais que gostem de apoiar o ecossistema, existe uma limitação física de tempo.
Por outro lado, imagine se ele recebe um empreendedor que não pede nada, mas oferece ajuda. Pesquisando sobre este mentor, descobrimos que ele participa de uma associação ou algo do gênero. Se ao invés de pedir ajuda, este empreendedor se oferece para ajudar nesta associação ou outro projeto que o mentor tem. Imagine o impacto e a diferença que isso vai ter em meio a milhares de pedidos idênticos? Legal! O mentor vai dizer sim e daí eu peço ajuda na primeira oportunidade, certo? Errado! Você está construindo uma relação, não é uma transação. Genuinamente se interesse em ajudar e apoiar. Quando for a hora, peça apoio. Ou este apoio vai ser oferecido para você.
Sempre usei a estratégia de focar primeiro no relacionamento, sem esperar nada em troca. O melhor desta estratégia é que o retorno é muito maior do que apenas uma mentoria. Não é raro encontrarmos sócios, parceiros e clientes, além de amigos para a vida toda. Empresas vão e vem, assim como ideias. Relacionamentos e pessoas é o que fica.
Antes de sair escrevendo e-mails pedindo mentoria ou investimento (outro pedido muito comum), pense nas pessoas com quem você está tentando se relacionar. Tenho certeza que o retorno será muito maior, profissional e pessoalmente. Pense em ser diferente, original e único. Crie sua assinatura pela forma como você se porta, se relaciona. E não tenha pressa. Por mais que você sinta que sua startup precisa de apoio urgente, foque em construir algo mais duradouro e não busque o retorno no curto prazo. Ajude e apoie sem pedir nada em troca. Coisas boas virão, eu garanto!
PS: Muito do que uma aceleradora faz é dar mentoria (além de acesso a capital, networking e o programa de aceleração) e é natural que vários empreendedores nos procurem para buscar ajuda. O lado ruim é que embora sejamos apaixonados por ajudar, acabamos dedicando a maioria do tempo para as empresas aceleradas (no nosso caso, já somam 36). Na Aceleratech, acabamos criando algumas ferramentas para tentar ajudar os empreendedores de forma mais escalável. Seja eventos onde eles podem dar pitch, nossa newsletter e conteúdo, até participação em vários eventos no mercado. Sempre que podemos, apoiamos as novas empresas, pois acreditamos que o desenvolvimento do ecossistema é mais importante do que o de uma empresa individualmente. Se você quer participar de alguma forma, manda e-mail para a gente!
Imagem: Teacher training with student via Shutterstock
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