Semana passada eu falei algo meio louco, que o insano Project Fiona, o tablet de jogos da Razer, é o futuro da jogatina no PC. Acho que preciso explicar melhor.
Não é que o Fiona em si seja literalmente o futuro da jogatina no PC – um tablet com um par de joysticks parafusados do lado é o equivalente de pc a um refugo da ilha do Dr. Moreau. (Apesar de eu ter me divertido bastante jogando no Fiona.) É tudo que esse projeto representa.
“Alguns anos atrás, nós percebemos que os gigantes do PC não estavam mais inovando. Eles meio que pararam,”argumenta o CEO da Razer Min-Liang Tan. Observando o cenário dos PCs nos últimos anos, as coisas não pareciam nada bem. Quer dizer, a HP, maior fabricante de PCs do mundo tentou vender seu negócio. As coisas insanas como o Dell Adamo e a marca Voodoo da HP? Mortas. Existiram algumas exceções, claro, mesmo em relação ao cenário dos jogos de PC – por exemplo, nós realmente amamos o Alienware m11x da Dell. Mas normalmente o pensamento é esse: Por que correr o risco? Mesmo na nova e melhorada investida do ultrabook na semana passada, que apresentou algumas máquinas muito bonitas, claramente foi inspirada no MacBook Air e nasceu de um investimento pesado da Intel.
E também tem o Blade. Dois anos em desenvolvimento, é a primeira tentativa da Razer de construir uma plataforma, e ele vai contra todas as regas dos PCs, especialmente PCs para jogos – exceto por seu preço ridiculamente alto de U$2.800. Há apenas um modelo. Você não pode configurá-lo. Não é uma caixa pesada e cheia de ângulos que desafia todos os princípios da aerodinâmica. Feita de alumínio, é suave, arredondado e durável. Na verdade ele passa uma sensação parecida com um MacBook Pro, desde a sua tampa. Mas é o primeiro teclado de laptop sem ghosting, e com um trackpad multitoque que também é uma tela. (Você já assistiu a um grupo de K-pop no seu trackpad? Eu já.)
Então, a Razer está fazendo coisas malucas. Com frequência. Tan disse que além dos três produtos que nós vimos esse ano – o Switchblade, Blade e o Fiona – eles têm “talvez 10 produtos diferentes que nunca mostramos mas que chegaram a ser finalizados.” Mas a verdadeira diferença entre a Razer e as outras fabricantes de PC que o Tan está se gabando? Detalhes. “Nós já desistimos de lançar produtos dois dias antes do anúncio oficial… Eu vi alguns caras chorarem, mas no final das contas o que vale é a perfeição.” A Razer é focada nos detalhes – estranhos, agressivos, eternamente adolescente, neon, detalhes EXTREMOS, mas ainda assim detalhes.
E então Tan reclama, exasperado que algum fabricante tosco da China náo iria fazer suas entradas USB verdes a menos que ele encomendasse um milhão delas, você sente a sua dor, em grande parte por causa da maneira como ele fala. Tan, nascido em Singapura tem uma mistura curiosa e suave de sotaques – é difícil não acreditar em cada palavra que ele diz, ou pelo menos acreditar que ele acredita em cada palavra que ele diz, não importa quão grandioso seja o assunto. Sério, eu poderia ouví-lo falando o dia inteiro, sobre qualquer coisa. Talvez tenha algo a ver com a genética.
Quando ninguém queria montar o Blade para a Razer, Tan comprou uma ODM (Fabricante de Projetos Originais). Quase tudo no Blade que não é de silício, é uma parte feita sob encomenda, porque segundo Tan, ele não queria “ir pra uma fábrica chinesa ou taiwanesa e colocar um logo por cima. Todo mundo está fazendo isso.” Enquanto diz isso, ele segura a fonte do Blade, um retângulo preto e fino que quase parece um tijolo de drogas, marcado por um cartel de drogas ou um culto que adora cobras que o produziu, e se pergunta porque todos os outros fabricantes de PC não projetaram as suas fontes tão bonitas assim. (Este detalhe, talvez intencional, implora para ser comparado com outra empresa de computadores com fontes maravilhosamente bem projetadas que todos os fabricantes de PC observam como fonte de inovação no design e que conseguiu dominar o mundo da tecnologia.)
Mas apesar da visão de Tan “para trazer a inovação de volta aos games”, “quebrar paradigmas” e se transformar em um sinônimo de plataforma para games de PC, como essa minúscula empresa que é mais conhecida por fabricar periféricos caros e chamativos para jogos irá ter uma chance, ou muito menos conquistar o mundo dos PCs? Bem, pra começar, a Razer não é mais tão minúscula assim. Ela acabou de receber US$ 50 milhões em capital de risco, e eu fiquei chocado quando Tan me contou que eles tem mais de 400 empregados agora. E o time de hardware está no caminho certo: Eles pegaram a equipe inteira de engenharia da OQO em 2009. E eles tem o reforço de engenheiros que eram da Apple e da HP, e também alguns caras que projetaram e construiram o Projeto Origami da Microsoft e Intel um tempo atrás (e que você ainda consegue ver alguns traços no Fiona). Então pode ser que a Razer consiga superar os riscos. Talvez.
E o que acontece se ela conseguir? Bem, eu suspeito que os fabricantes de PC não irão buscar apenas a Apple como fonte de “inspiração”. Tan espera que eles até mesmo o sigam. (Isso é uma coisa boa, especialmente se eles começarem a se importar de novo, pra começar.) E eu espero que Joel possa estar ainda mais certo do que ele pensou estar, aquele modelo da Razer parece bastante com o futuro dos PCs, especialmente conforme ele pegar cada vez mais espaço no nicho – ironicamente por causa da falta de inovação no hardware.
Eles apenas precisam se livrar das cobras e do preto com neon. Se vocês esperam conquistar o mundo, está na hora de amadurecer.
Vídeo por Woody Jang
