Artigo de Alessandra Nahra*
Um empreendedor precisa decidir: ou ele faz um produto para os usuários, ou ele faz um produto para si mesmo.Não é a mesma coisa, e, sim: tem gente que faz produtos para si mesmo – e depois quer que todo mundo goste. E se surpreende quando o mundo não dá a menor bola para a sua genialidade.
Realmente é muito frustrante quando o produto que criamos não agrada o público para o qual é dirigido, ou simplesmente não tem utilidade. Tal produto não chega nem a sair da prancheta, na maioria das vezes. Mas, em um mundo em que (ainda bem) não custa muito fazer um protótipo, alguns produtos inúteis acabam vendo a luz do dia. Nesses casos, me pergunto: que dobra de pensamento permitiu que o cidadão inventasse uma coisa que só ele acha útil? De onde foi que ele tirou a ideia de um produto que não tem utilidade para o público ao qual se destina?
Consigo responder em parte. Eu às vezes invento produtos de utilidade privada: coisas que iriam melhorar a minha vida. Eu acho que meus produtos seriam sucesso total! Mas talvez eu seja minoria.
A resposta para a outra parte talvez seja: faltou pesquisa. Faltou levar a campo. Porém, levar o produto a campo é uma prova de fogo para a qual nem todos os empreendedores estão preparados. Porque pode significar o fim de um sonho dourado. O que acontece se os usuários te dizem, com todos os gestos e letras, que não usarão o produto? Se você vê, em campo, que o produto não tem utilidade? Você desiste ou insiste?
O sucesso de um produto tem relação direta com o valor que ele tem para o usuário. Um produto bom tem valor de verdade: é útil, ajuda, resolve algum problema real. Creio que as boas ideias partem, mesmo, de uma necessidade pessoal, ou observada pessoalmente. Mas isso é diferente de partir de uma premissa que só é válida para nós mesmos.
Tem que olhar para fora do umbigo. Eu e meus produtos de utilidade privada só teriam um comprador: eu mesma. Não é o suficiente para o sucesso em um mundo coalhado de novos produtos. Criar valor tem relação com empatia. Só entendendo, de fato, o outro, e colocando-se no seu lugar, podemos criar um produto de real valor.
Artigo de Alessandra Nahra: jornalista, arquiteta de informação, sócia e diretora de gestão da consultoria de user experience Saiba+ .
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