No último mês, o país vem sendo surpreendido por grandes manifestações e também por ataques de hackers a sites e redes sociais de partidos políticos, do Executivo e de veículos da imprensa. O objetivo desses invasores, no caso, é sempre deixar uma mensagem de que houve a invasão e suas insatisfações com quem foi afetado. Mas a questão é que esses ataques vêm sendo realizados com frequência e são somente uma fatia do problema que é ainda mais grave no Brasil.
De acordo com a empresa de segurança norte-americana RSA, o nosso país está entre as cinco nações que mais registraram ataques a sites de empresas no segundo bimestre de 2013. Foram 571 marcas hackeadas, levando o Brasil ao quarto lugar da lista, ficando atrás da Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. A pergunta é: por que a falha de segurança na internet ainda é grande no Brasil?
Segundo o CEO da Sapiens Solutions, Guilherme Reis, atualmente a maior parte dos sites é desenvolvida por web designers, agências de publicidade e até mesmo usuários com bom conhecimento em desenvolvimento web, mas a preocupação com segurança é a última coisa a ser analisada. Além disso, a falta de testes deixa os sites à mercê dos hackers. “Se o cliente precisa de um sistema à prova de invasões, é preciso colocá-lo em testes. Muitas vezes criam-se centenas de regras para impedir uma invasão, mas por não testar alguém acaba encontrando uma brecha. Um site nunca é totalmente blindado. Por isso, para melhor segurança, é necessário sempre testar novas medidas anti-ataques”, afirma Reis.
Não são somente bancos, a imprensa e o Executivo que estão registrando ataques a seus sites e redes sociais. O escritor brasileiro Leandro Marcolino tem um site hospedado no Brasil, mas comercializa seus livros nos Estados Unidos. Mesmo ele não oferecendo qualquer risco a demais estados ou nações em seu portal, o site de Marcolino sofreu dois ataques recentes. “Na primeira invasão, os hackers roubaram meu livro que estava em formato de e-book para ser vendido na Amazon, e também inseriram uma página clone do Banco do Qatar em uma pasta do meu site. Essa página tinha a finalidade de roubar dados dos usuários. Eu tive prejuízo com o roubo do meu livro, que acabei tendo de disponibilizá-lo de graça na Amazon porque ele já estava disponível para download em vários fóruns. Na segunda invasão, eles voltaram a inserir a mesma página do Banco do Qatar”, comenta o escritor.
Quando o escritor criou o site, não esperava que fosse atrair a atenção de hackers. “Nunca pensei que pudesse ser invadido. Eu nem fazia transações financeiras nele ou possuía muitos dados que pudessem ser roubados. Foi uma surpresa quando aconteceu”. O brasileiro ainda foi notificado pelo FBI. “Me pediram para retirar a página do ar por conta do clone do Banco do Qatar, pois se tratava de um malware. Agora contratei uma blindagem reforçada e meu site só vai estar no ar novamente daqui a dez dias”.
Para Guilherme Reis, o momento atual em que o Brasil passa, com as manifestações em todos os estados, é tenso e a atenção com a segurança na internet deve ser redobrada. “O Brasil é um alvo fácil para os criminosos virtuais. Neste momento de protestos, sites invadidos exibem uma página de manifestação. Mas isso pode ser somente um truque para distrair os usuários e o dono do próprio site. A real intenção pode ser de roubar informações dos bancos de dados, enquanto pensam que trata-se apenas de uma manifestação. O problema maior é com os prejuízos e a investigação é lenta, pois não temos departamentos especializados em crimes virtuais para comportar a demanda do mercado”.
A solução é prevenir do que remediar, para evitar prejuízos maiores, segundo Reis. O especialista afirma que a blindagem preventiva tem custo baixo perto dos problemas que se pode ter por uma invasão. “Muitas vezes a blindagem é bem mais barata do que o seguro que se paga por fraudes de cartão de crédito, por exemplo. Os segmentos de maiores riscos são os que fazem transações financeiras e aqueles que possuem uma grande base de dados e informações de cadastro. Estas informações no mercado negro são muito comercializadas”, aponta.
Via Bolacha Comunicação.
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