Desde a compra do WhatsApp pelo Facebook por USD 19 bilhões de dólares em dinheiro e ações eu me sinto incomodado com algumas perspectivas que percebo e venho acompanhando.
Eu vejo um futuro que os carros irão dirigir sozinhos eliminando o emprego de motoristas. Que professores universitários serão substituidos por cursos online massivos. Que médicos serão substituidos por sistemas de tomada de decisão. Casas serão impressas em concreto. E mesmo empresas que por anos trabalharam em fronteiras de mão-de obra barata estão instalando 1 milhão de robôs.
Este futuro é construído com base em alguns fatores:
- A Internet que permite a criação de mercados verdadeiramente globais e com os efeitos de ganho de rede já prescritos pela lei de Metacalfe. WhatsApp, MOOCs, Facebooks estão nesta categoria. O curso de Machine Learning de Stanford foi ministrado para mais de 100.000 pessoas com somente um professor. O WhatsApp funcionava com 30 funcionários;
- Uma geração de sistemas com capacidade de substituir trabalhos com um nível de cognição mais alta a partir de algoritmos de inteligência artificial como o Watson da IBM, sistemas de tradução da Google entre outros;
- Manufatura aditiva. Isso muda a forma que construímos coisas.
Desta forma, existe uma possibilidade de estarmos destruindo empregos de forma estrutural – por mais que pareça discurso de luditas. No passado, as pessoas trabalhavam majoritariamente na agricultura, depois migraram para manufatura e hoje temos uma economia baseada em serviços. A partir do momento que as empresas baseadas em serviço estiverem alcançando um novo nível de automação, qual será a próxima fronteira?
A história diz que a sociedade se auto-regula, porém nem sempre a história se repete, como no recente caso do subprime americano que contrariou a regra “o valor de imóveis sempre aumenta”. Também não acredite quando dizem que a bolsa sempre sobe.
Parte deste desemprego estrutural já está sendo visualizado em economias mais desenvolvidas: 18% das pessoas entre 16 e 24 anos estão desempregadas no mundo desenvolvido. Ocorreu a recuperação do PIB desde a crise de 2009 sem a correspondente. Ocorreu a recuperação do PIB americano desde a crise de 2009 sem a correspondente recuperação do emprego.
Quem detiver estas tecnologias irá acumular ganhos significativos e existe a tendência de concentração de capital. Talvez o que devemos pensar é como a sociedade vai se reorganizar para acomodar esta possível nova realidade.
Existem teóricos que defendem renda mínima universal, mas ter um trabalho e ser produtivo é algo importante na vida das pessoas. É normal o relato de pessoas que entram em depressão quando se aposentam. Este é um assunto que me incomoda sem uma resposta pronta. Para quem quiser ler mais sobre isso recomendo:
- O post do Fred Wilson falando sobre os limites do capitalismo;
- Albert Wanger fez uma série de quatro textos sobre o assunto. Ele mesmo em contra partida fala de como é otimista em relação a tecnologia, mas reconhece que existe um momento de transição que não sabemos como gerenciar;
- O criador da série The Wire tem uma visão bastante pessimista.
Do outro lado, Marc Andreessen tem uma visão contrária sobre este assunto. Acha que se isso acontecer, os nossos melhores dias estão por vim. Ele defende uma criação de rede de assistência social, pois reconhece que uma parcela da sociedade não vai se acomodar a mudança.
Qual a sua visão sobre o assunto?
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