“Ai, que saco, lá vem mais um post falando sobre a profissionalização da blogosfera“, pensou você assim que começou a ler esse texto (Ou talvez até antes… já que o que impera na internet hoje é a lei do “não vi e não gostei“). Sim, essa discussão pode ser mais antiga que a própria blogosfera, porém, esse debate há 5 anos é totalmente diferente do debate hoje.
Existem certas discussões que precisam de pelo menos uma década até que comecem a fazer sentido, e a da profissionalização da blogosfera é uma dessas. Desculpa, mas já se foi o tempo em que você podia fazer qualquer coisa no seu blog com a justificativa clichêzona de que ele é seu “diário pessoal” e que você faz o que quiser com ele. A partir do momento que existe gente comprando ~mídia~ ou colocando qualquer tipo de dinheiro na “blogosfera”, pronto, o mercado foi reconhecido, está estabelecido e o que você faz no seu blog afeta a percepção geral de como as coisas são feitas no meio.
Você é um blogueiro, tem audiência, influencia pessoas e monetiza seu blog? Então, tá na hora de encarar o fato de que você tem SIM responsabilidades éticas e legais. Ainda acha que não?
Que tal a notícia que correu ontem na web de que o Conar está investigando blogueiras de moda porque não avisaram seus leitores de que fizeram propaganda paga no blog? Leia aqui.
Pois é, fazer propaganda disfarçada É CRIME e não vai adiantar você falar que o blog é seu e você faz o que quiser. A coisa ficou séria e, finalmente, a profissionalização da “blogosfera” deixou de ser uma discussão restrita a grupos de entusiastas no Facebook ou encontros de bloggers e afins.
Pra entender o impacto dessa notícia, convidamos alguns blogueiros, jornalistas e pesquisadores de mídia digital pra opinar sobre assunto. Se liga:
Acho que é importante porque sinaliza que publicidade é publicidade não importa em qual veículo ela esteja inserida. Acho esta discussão importante para que parâmetros sejam esclarecidos, já que este mercado cresceu muito rápido e sem muita informação sobre como a publicidade deve ser veiculada. Acho que vai sim ajudar na profissionalização. Quando um blog/site cresce e passa a ser um negócio com clientes, a receita publicitária tem que crescer também na sua administração e aprender a lidar com as responsabilidades que isso acarreta. Enfim, penso que será uma boa oportunidade para que todos, veículos e clientes, fiquem mais informados sobre o assunto.
O principal motivo de existir o CONAR é para que a publicidade resolva seus próprios problemas sem intervenção do governo, auto-regulamentação ao contrário do que pensam é uma iniciativa que concede bastante liberdade para que o mercado publicitário brasileiro se desenvolva, e se queremos que a publicidade em mídias sociais seja levada a sério é fundamental que o CONAR se envolva.
Dentro do código do CONAR as regras do jogo são simples, se é propaganda tem de ficar caracterizada como tal, a forma como isso deve ser feita acredito que ainda carece de discussão. Na minha opinião dizer que a marca entrou em contato comigo para divulgar uma promoção já é um indicativo claro de que a divulgação não é uma iniciativa própria do publisher mas tem algum incentivo da marca por trás. Outros acreditam que é necessário um aviso mais claro. O que definitivamente não pode acontecer é disfarçar de opinião própria. O publisher tem todo direito de vender o espaço dele para a publicidade, mas quando ele vende a opinião ele definitivamente cria um problema com sua audiência.
A corporação organizada da publicidade está começando a chorar as pitangas porque nao percebeu a tempo o formato ‘publieditorial’ ou nao quis reconhecer nele – e em outros atalhos similares – 1 modo legítimo de anunciar. Continua agarrada ao comercial de 30 e ao anúncio impresso em revistas e jornais que, hoje em dia, já não são mais os mesmos e, seguramente, já não dão o mesmo resultado de antes. Então, recorre a uma suposta autoridade do Conar, que em nada lembra o Conselho imaginado por Caio Domingues, para pressionar pelas verbas que lhe fogem ao controle.
Posts pagos claramente dados como pagos por quem os publica, são isso mesmo – nada demais. Não informou que o post era de algum modo remunerado (e era), pau nos autores. Simples assim. O Conar não é desse tempo e não está preparado para julgar o que vale ou o que nao vale na internet, eu acho. Penso que devia se contentar em controlar a publicidade paga na TV, no rádio e nos impressos 🙂 Ou, então, se modernizar – em estrutura e pessoal – pra se capacitar a entrar em áreas mais novas – que tal 1 iConar?
Sobre o caso do “Perdi Meu Amor na Balada“, o que eles estão querendo? O fim do viral como arma publicitária? Tsc, tsc, só deixar correr solto que hoje em dia tem coisa melhor que autorregulamentação – o julgamento nas mídias sociais pode até ser injusto, mas não é mais que o decidido por votos de grupos fechados e, na maioria das vezes, irrecorrivelmente conservadores.
A força dos blogs advém de sua independência editorial – as leitoras confiam em suas resenhas e indicações. Sinalizar que o conteúdo tem viés publicitário, inclusive quando o produto ou serviço de fato seja do agrado da blogger, é uma das várias etapas do processo de profissionalização dos blogs, que só têm a ganhar credibilidade com este tipo de marcação (publieditorial). As leitoras identificam as marcas que têm maior interesse em atrair sua atenção e isso poderá inclusive agregar valor à ação publicitária… por outro lado, omitir o caráter comercial do post tem efeito inverso, pois é ingenuidade subestimar o senso crítico do público de internet, que pode se sentir lesado quando se depara com conteúdo essencialmente não-informativo. Indicar o post como “publieditorial” (ou expressão análoga) é, portanto, uma das boas práticas a serem seguidas pelos blogs e só trará mais credibilidade à blogger.
E você, qual sua opinião sobre o assunto? Como você acha que isso vai afetar a profissionalização da blogosfera e a legitimação desse mercado como mídia adulta, madura e responsável?