Os empreendedores precisam amar suas empresas e produtos. Mas cuidado, a paixão pode cegá-lo
Quando começamos a despertar nosso instinto empreendedor, somos pessoas determinadas a fazer mudanças positivas no mundo. Acabamos nos preocupando em tornar o mundo um lugar melhor para se viver.
Mas, no meio disso tudo, acabamos não encontrando a felicidade em nosso local de trabalho. Acabamos odiando nosso trabalho e nossas atividades diárias, achando que tudo é apenas uma rotina inútil.
Então, saímos de nosso trabalho e trabalhamos na fundação de uma pequena empresa, com novos desafios, problemas e, uma surpresa a cada dia.
Nós podemos passar a vida inteira assim, criando novos produtos, atendendo pessoas, fechando parcerias de negócios, conhecendo novas pessoas e, ganhando um pouco de dinheiro.
Isso porque quando estamos apaixonados pelas tarefas que fazemos, encaramos isso como uma brincadeira. Nós estamos felizes porque amamos o que fazemos, independente do que seja isso.
Com o tempo caímos na rotina. Nos reunimos com CEOs de pequenas empresas e startups, conhecendo novas ideias e pessoas.
Essas pessoas estão sempre apaixonadas pelos produtos que suas empresas estão desenvolvendo. Coisas como software financeiro CRM, aplicativos de pagamento, coisas que para nós não são tão importantes. Mas essas pessoas amam o que estão fazendo.
Muitas vezes lemos artigos sobre como os venture capitals decidem ou não financiar as empresas e, muitas vezes a paixão surge como algo decisivo.
Os investidores querem ver como os empreendedores são apaixonados pelos seus produtos e enxergam nessa paixão o fator definitivo em suas decisões de financiamento.
Mas, isso pode ser um erro.
Primeiro, pense sobre isso: quantas startups pivotaram pelo menos 1 vez? As pesquisas mostram que startups que pivotam 1 ou 2 vezes aumentam 2,5 vezes mais a sua receita e tem 3,6 vezes mais crescimento do que as que não pivotam.
Você já ouviu falar em um site de namoro chamado Tune in, Hook Up? Eu aposto que não, mas certamente você já ouviu falar e sabe o que é o YouTube.
E sobre uma plataforma de podcasting chamada Odeo? Mas você certamente conhece o Twitter.
Podemos afirmar, sem medo de errar que as startups mais bem sucedidas tem um pivô significativo em sua vida útil. Se for esse o caso, quais as chances dos fundadores e CEOs serem tão apaixonados pela nova empresa quanto eram pela empresa original?
Provavelmente não tanto.
Vamos dar um passo à frente e examinar os 10 maiores IPOs de tecnologia de 2012. Aqui estão as empresa: Facebook, Workday, Splunk, Palo Alto Networks, ServiceNow, ExactTarget, Guidewire Software, Infoblox, Vocera Communications, Kayak.
É muito difícil argumentar que Mark Zuckerberg não é apaixonado pelo Facebook. Mas olhe para o resto das empresas nessa lista: software de RH, e-mail marketing, indexação de dados, segurança de TI, etc.
Sem dúvida essas são grandes empresas. Mas algumas delas são muito chatas, técnicas e específicas. Você pode se imaginar apaixonado por qualquer uma dessas empresas? Dificilmente.
Mas, podemos apostar que os fundadores, executivos e funcionários dessas empresas realmente gostam do que fazem diariamente.
O que isso pode nos ensinar?
O fator mais importante em sua carreira de felicidade e satisfação, não é o você faz, mas o que está fazendo.
São as interações diárias, a camaradagem, o sentido de urgência para ganhar um cliente, resolver um problema, fechar uma parceria ou fechar um negócio que continua nos dando satisfação no que fazemos.
Como mentores, muitas vezes não estamos aconselhando os jovens empreendedores da maneira correta. Não estamos sugerindo que as pessoas que são apaixonadas por seus produtos, serviços ou missões das empresas estão fadadas ao fracasso.
Se você pode estar tão apaixonado pela ideia, quanto pelas tarefas diárias que precisa para fazer a empresa andar, você pode ter uma carreira absolutamente brilhante.
Mas a paixão pode também ser uma armadilha. Ninguém deve investir tanto em suas ideias, visão e ideais para ficar cego às oportunidades de crescimento e expansão dos negócios.
A sugestão que fica é: esqueça quão fundadores e líderes da empresa são apaixonados pelo seu produto ou serviço. Concentre-se na paixão pelos resultados, resolver os problemas, superar a concorrência e fazer o negócio crescer.
Porque o sucesso nos negócios e na sua carreira vem de amar as coisas que você está fazendo, não o trabalho que a sua empresa faz.
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Este artigo foi adaptado do original, “For Entrepreneurs, Passion Can Become a Pitfall”, da FastCompany.