O investimento global em Venture Capital caiu de US$ 191,9 bilhões em 10.775 negócios no quarto trimestre de 2021 para US$ 144,8 bilhões em 9.349 negócios no primeiro trimestre de 2022, uma redução de 24,5%. Nas Américas a redução foi semelhante, partindo de US$ 103,3 bilhões em 4.628 negócios, para US$ 77,6 bilhões em 4.138 negócios no mesmo período. Os Estados Unidos responderam por US$ 70,7 bilhões desses investimentos no primeiro trimestre de 2022, contra US$ 95,4 bilhões no quarto trimestre de 2021. Na Ásia a queda foi de US$ 55,2 bilhões em 3.139 negócios para US$ 32,6 bilhões em 2.712 negócios. Essas são algumas das conclusões do relatório “Venture Pulse Q1 2022”, da KPMG, que analisa trimestralmente os principais negócios e as tendências de Venture Capital no mundo.
Sobre Brasil, o conteúdo da KPMG destacou que, após dois trimestres incríveis, incluindo um recorde de US$ 3 bilhões no terceiro trimestre de 2021, o investimento em Venture Capital caiu para US$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre de 2022. Apesar disso, este foi o período com o terceiro maior nível de investimento em Venture Capital que o Brasil já registrou, evidenciando que esse investimento no Brasil segue muito forte comparando com tendências históricas. Em função de um conjunto de financiamentos anteriores, o Brasil terminou 2021 com 22 empresas que angariaram US$ 100 milhões ou mais. Além disso, abrangeram diferentes setores, sinalizando a crescente inovação do ecossistema brasileiro.
“Embora o investimento total em Venture Capital continue forte, o número de negócios caiu consideravelmente em função de incertezas globais decorrentes de fatores geopolíticos e econômicos. Além da guerra Rússia-Ucrânia, a inflação, as taxas crescentes de juros, a turbulência nos mercados de capitais e os desafios na cadeia de suprimentos contribuíram para a desaceleração desse mercado”, afirma Diogo Garcia, sócio-diretor líder de Emerging Giants da KPMG no Brasil.
“Já no ecossistema de startups, capacidade de escalar sempre foi e continuará sendo importante na busca por capital. Com os juros em novos patamares, que há muito tempo não se viam no Brasil, a cobrança por retorno certamente começa a pesar um pouco mais na conta dos pitches”, afirma Jubran Coelho, sócio-líder de Private Enterprise da KPMG no Brasil.
O conteúdo destacou ainda que a Europa registrou um leve aumento nesses investimentos no primeiro trimestre de 2022, atraindo US$ 31,7 bilhões em 2.219 negócios, contra US$ 31,5 bilhões em 2.705 negócios no quarto trimestre de 2021. O financiamento de Venture Capital foi moderado pela primeira vez no primeiro trimestre de 2022, respondendo por apenas US$ 12,6 bilhões. O número de meganegócios de mais de US$ 1 bilhão caiu para dois no primeiro trimestre de 2022, com ambos ocorrendo antes do início da crise na Ucrânia. A queda nos negócios de mais de US$ 1 bilhão ajudou a mostrar as jurisdições que atualmente atraem grandes negócios de Venture Capital.
Empresas de sete países atraíram os dez maiores negócios neste trimestre, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Índia, China, Turquia e Estônia. Nas Américas, os Estados Unidos responderam por três dos maiores negócios na região neste trimestre e o Canadá teve seu segundo maior trimestre de investimento em Venture Capital de todos os tempos no primeiro trimestre de 2022, atraindo US$ 3,4 bilhões em investimentos. O valor de saídas caiu consideravelmente em relação ao trimestre anterior, com US$ 122,3 bilhões no primeiro trimestre de 2022 e US$ 344,2 bilhões no quarto trimestre de 2021.
“Os mercados de capitais em todo o mundo apresentaram um início de ano turbulento, o que inviabilizou a maioria das operações de IPO e a reciclagem de capital de gestores em geral. O aumento da tensão geopolítica e um cenário macroeconômico global desafiador, com juros e inflação mais altos, tem resultado em maior cautela por parte de investidores de Venture Capital no Brasil. Entretanto, o montante de capital disponível nos fundos de Venture Capital é significativo e a quantidade de boas oportunidades de negócios no país é grande”, afirma Rodrigo Guedes, líder de Assessoria em Mercados de Capitais da KPMG no Brasil.
Apesar da incerteza significativa que assola o mercado global de Venture Capital, a publicação da KPMG destaca que a expectativa é que o investimento em Venture Capital permaneça relativamente estável no segundo trimestre de 2022 considerando uma quantidade significativa de dry powder. Os investidores desse mercado provavelmente continuarão cautelosos e estarão concentrados em empresas mais maduras, o que pode preocupar startups que procuram financiamento pela primeira vez ou estão nos estágios iniciais de crescimento. O conteúdo está disponível na íntegra neste link.