Empreender envolve riscos, principalmente quando nos encontramos em uma situação econômica adversa como a atual.
A crise econômica mundial, presente desde 2008, “descobriu” empreendedores que antes disso não tinham uma clara vocação ou a disposição necessária para fundar seu próprio negócio.
Muitos especialistas afirmam que a época de crise, tal qual ocorre com as quedas no mercado de ações, é o momento ideal para investir e crescer.
O primeiro fator de que há que ser consciente é a saturação da oferta, independentemente do produto que ofereça sua startup. Esta competitividade natural pela captação de clientes conduz o empreendedor a menores margens de erro na estratégia de posicionamento de sua nova empresa. Estamos diante de uma grande mudança com relação às práticas empresariais executadas até o ano de 2007: antes, muitos empreendedores eram motivados pela ilusão e o entusiasmo de sua iniciativa, e costumavam aprender com a empresa em seu cotidiano, durante o desenvolvimento do negócio. Assim, pouco a pouco, aprendia com os erros e melhorava aos poucos seu modelo de negócio inicial.
Atualmente, com um cenário econômico totalmente distinto, não há margem para improvisos e um erro estratégico é rapidamente aproveitado como oportunidade pela concorrência. A mudança mais significativa é com relação ao desenvolvimento de um plano antes do lançamento do produto, com a mínima possibilidade de erros, maximizando recursos e minimizando riscos.
Como exemplo de uma startup que soube aproveitar as oportunidades da crise podemos citar a Ticketbis.com, um portal de compra e venda de ingressos fundada na Espanha em finais de 2009 por Ander Michelena e Jon Uriarte. A empresa faturou R$13 milhões em 2011 e prevê chegar aos R$33 milhões ainda em 2012. Está presente em oito países (Espanha, Brasil, México, Argentina, Reino Unido, Portugal, Itália e Alemanha) e até o final do ano iniciará operações também na Rússia, Polônia, Ucrânia e Chile. De acordo com Michelena, a ideia da startup veio em meados de 2009, no auge da crise. Na época ele e Uriarte trabalhavam em um grande banco de investimentos em Londres e buscaram inspiração para o negócio pesquisando modelos de compra e venda de ingressos nos Estados Unidos.
O início dos negócios deu-se com um dois rounds de capital aportados por conhecidos business angels da internet, como Alec Oxenford (fundador da OLX) e José Marín (Arremate.com), com investimentos que alcançaram os 2,5 milhões de Euros. Nas próximas semanas a Ticketbis deve anunciar os resultados de um terceiro round.
O conselho de Michelena para quem está iniciando um negócio próprio? “Que não desanime se no principio as coisas não saírem conforme o planejado. Empreender é uma montanha russa, há momentos de alegria máxima e outros difíceis em que você repensa ter deixado seu trabalho estável para começar do zero. Se a ideia é boa e bem executada certamente por mais
momentos baixos que tenha, você conseguirá seguir em frente”.