Um dia antes da CES começar oficialmente, a Polaroid nos deixou bem encafifados: ela anunciou que mostraria na feira uma câmera com lentes mirrorless intercambiáveis, rodando Android 4.1 e custando míseros US$350. Ela poderia ser um golpe em concorrentes como a Galaxy Camera, da Samsung. Mas nós sabíamos que algo deveria estar errado, ela tinha que ter algum problema. Pois bem, ela tem vários.
O caminho para a desmistificação da Polaroid iM1836 começa no primeiro contato com a câmera: ela tem um acabamento de brinquedo. O plástico utilizado nela remete às traseiras mais simplórias de smartphones, e se nos celulares não gostamos disso, imagine nas câmeras, que costumam ter ótimo acabamento e resistência. Além da visível fragilidade, os botões parecem mal posicionados, mal encaixados e fazem um estranho som a cada clique. Sabe a cena clássica de desenho em que o carro se desmonta todo de uma só vez? Pois é.
Mas o terror mesmo começa quando a tela traseira é ligada. Sensível ao toque, ela roda Android em uma de suas versões mais recente (4.1) e esperávamos que a câmera fizesse uma boa ponte entre cliques bacanas e apps de edição e compartilhamento. Esqueça tudo isso: o sistema é extremamente lento, apps abrem com uma lentidão incomum, ícones apresentam problemas (como partes cortadas) e, pior de tudo, o app de câmera é péssimo. Tirar uma sequência de fotos é extremamente difícil, e é preciso muita paciência e tempo de sobra para tirar, digamos, cinco fotos. Não sabemos qual o processador ou a memória RAM da câmera, mas parece claro que ela não tem poder suficiente para lidar com tantos apps e opções.
A mistura de nostalgia e vontade de ver uma boa câmera com Android e lentes intercambiáveis terminou com uma experiência decepcionante. A Polaroid terá muito trabalho antes de colocar a câmera no mercado. A sensação é que a empresa colocou-a aqui na feira às pressas, na ânsia de mostrar algo diferente e chamativo, mas acabou dando um tiro no pé. Só depois de corrigir tantos problemas de interface e construção, podemos pensar em discutir a qualidade da imagem, que ficou em último plano na experiência. Uma pena, já que o termo “Polaroid Android” é tão sonoro.