Você acha que montar uma startup no Brasil é difícil? Pense então como é fazer isso em um País onde:
somente 10% da população tem telefone, 5% tem celular e somente 1% tem internet! De um total estimado de 60 milhões de habitantes, cerca de 50 milhões nunca fizeram uma ligação telefônica.
Repito: 50 milhões nunca fizeram uma ligação telefônica! Sabe que lugar é esse? Acertou quem pensou em Myanmar (também conhecido como Birmânia). Um dos países mais fechados do mundo até bem pouco (iniciou um processo de abertura em 2011), Myanmar é dos que mais cresce no sudeste da Ásia atualmente. É também um campo totalmente virgem para startups digitais e, como você deve ter pensado, um ligar onde a internet praticamente não existe!
O que há ou pode existir de startups digitais nesse ambiente?
Conversei há pouco sobre os desafios e oportunidades em Myanmar com Julian Gorman, co-fundador da IdeaBox Myanmar, uma aceleradora e incubadora baseada em Yangon. A Ideabox é uma unidade da Ooredoo, empresa de telecomunicações do Qatar que está começando suas operações em Myanmar. Um exemplo próximo que temos desse modelo é a Wayra, da Telefonica. O governo de Myanmar concedeu licenças para duas empresas (a Telenor, com origem na Noruega, e a Ooredoo, do Qatar) instalarem e operarem redes de celular em dados. Em alguns anos, espera-se que 95% da população tenha a possibilidade de se conectar à internet banda larga. Será um salto do Século XIX direto para o Século XXI!
É de olho nas oportunidades que decorrem dessa mudança a IdeaBox está trabalhando. Foram recebidas 80 inscrições e pré-selecionadas 10 dessas, com a expectativa de que 4 a 6 projetos/times/startups sejam selecionados para a primeira turma. Serão selecionados tanto startups para serem aceleradas como times de empreendedores a serem incubados – formar talentos é questão chave por lá. Outras iniciativas como o Project Hub Yangon também aproveitam a onda e trabalham para desenvolver o ecossistema local. Iniciativas globais como a Global Entrepreneurship Week, Lean Startup Machine, Barcamp já chegaram por lá – este último com um record de participantes no último evento: mais de 8000 pessoas.
Por fim (ou será só o começo?), a Rocket Internet já chegou por lá também, desembarcou localmente empresas que desenvolveu em outros mercados e fez investimentos locais. Cena movimentada! O desenvolvimento do ecossistema de inovação e startups tem sido puxado por empreendedores locais que viviam no exterior e estão retornando ao País. Também, por estrangeiros que vão em busca de oportunidades.
Será difícil encontrar um lugar onde o ditado “quem tem olho em terra de cego é rei” possa ser tão verdade como em Myanmar. Como todo e qualquer negócio digital é novo por lá, Myanmar deverá se tornar em breve um paraíso para os copycats. Julian identifica como principais áreas de aplicação a serem desenvolvidas: educação, consumer life e comércio eletrônico.
Ficou interessado? Confira o áudio da entrevista.
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