A Síndrome de Burnout – também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional – é uma disfunção conjuntural que sucede uma fadiga crônica de caráter físico, emocional e mental, em decorrência do excesso de trabalho. Há um bom tempo sendo estudada por pesquisadores, acadêmicos e psiquiatras, sua prevalência é mais comum do que imaginamos, e pode afetar profissionais em qualquer área ou segmento ocupacional. Causando um impacto clínico profundo com uma profusão de sintomas físicos e psicossomáticos, a Síndrome de Burnout afeta de forma muito negativa a vida pessoal e profissional do indivíduo que desenvolve a disfunção, obrigando-o a lidar com uma severa e progressiva precariedade que pode arruinar suas capacidades corporais e mentais. Em seu estágio mais avançado, não basta simplesmente tirar férias. É necessário acompanhamento médico contínuo, ostensivo e sistemático, além de repouso e uma abordagem mais equilibrada e suave com relação ao trabalho. O que pode ser, para o afetado, um desafio relativamente difícil de assimilar e colocar em prática, em função de sua relação patológica com a profissão.
Indivíduos com enorme probabilidade de desenvolver a disfunção são os profissionais demasiadamente perfeccionistas, e os centralizadores. O perfeccionista, que gosta de esmiuçar todos os pormenores, deixar tudo impecável, perfeito, magnífico, nos mínimos detalhes, até que o projeto, a tarefa ou o trabalho em questão se torne compatível com o seu exagerado e muitas vezes inalcançável nível de excelência – o que pode ser indicativo de outro distúrbio, o famoso TOC – e o centralizador, aquela pessoa que está em uma posição de comando, mas nunca delega tarefas, preferindo fazer tudo sozinha, além de concentrar uma enorme quantidade de afazeres sobre ela mesma – são dois perfis profissionais de risco, que encontram-se altamente habilitados a desenvolver a síndrome. Muitas vezes, indivíduos com este perfil estão tão profundamente inseridos em suas respectivas tarefas, obrigações e atividades, que são incapazes de perceber quando atravessaram a linha divisória de um profissional competente, dedicado e zeloso para um workaholic compulsivo, obsessivo e obstinado, que vive exclusivamente para o trabalho.
Quais são os principais sintomas?
É relativamente fácil identificar pessoas que sofrem da Síndrome de Burnout, embora muitas vezes elas não vão admitir – nem para elas mesmas, nem para os outros –, que tem o problema. Indivíduos que sofrem com a disfunção estão sempre trabalhando: trabalham à noite, nos feriados, nos finais de semana, durante a madrugada, e levam trabalho para casa, mesmo quando não é necessário. Expressam certa irritabilidade – às vezes de forma exagerada e agressiva – quando são perturbados ou interrompidos, tem dificuldade de concentração, evitam interação social e participação em reuniões, preferindo responder e-mails e mensagens eletrônicas, bem como trabalhar mais isoladamente do que em grupo, não lidam bem com críticas ou opiniões divergentes, e posteriormente, conforme a condição se agrava, desenvolvem sintomas psicossomáticos, como distúrbios do sono, distúrbios gastrointestinais, problemas digestivos, e até mesmo ansiedade aguda, além de uma enorme multiplicidade de outros sintomas, que invariavelmente irão comprometer a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida do indivíduo afetado. No entanto, em virtude da singularidade de cada caso, além da possibilidade de comorbidades, é fundamental procurar ajuda médica especializada para o tratamento. Automedicação não é recomendável sob nenhuma hipótese ou circunstância.
Têm cura?
A Síndrome de Burnout não é uma doença gravíssima, embora possa comprometer de maneira drástica a capacidade funcional de um indivíduo em seus estágios mais avançados, com complicações dramáticas em sua vida pessoal e profissional. Apenas um eficaz acompanhamento médico, com a prescrição de medicamentos adequados, além de terapia quando necessário, pode reverter o quadro clínico, e reinserir o indivíduo dentro de um saudável padrão de normalidade, depois de meses – ou até anos – de tratamento. Se não tratado, no entanto, a Síndrome de Burnout pode converter a vida do indivíduo que sofre da disfunção em um terrível e dramático inferno, onde fadiga crônica, ansiedade constante, aflição e angústia – além de um quadro muito amplo de distúrbios somáticos – pode levar o profissional a uma profunda e irreversível deterioração. Por essa razão, devemos estar atentos a pessoas que apresentam estes sintomas, e oferecer a ajuda necessária.
A Síndrome de Burnout pode se desenvolver lentamente, ao longo de um período de vários anos, de uma forma quase invisível, e de maneira bem gradual. Pode acometer indivíduos incautos, que alimentam elevadas expectativas com relação a uma determinada profissão, mas sofrem um choque de realidade quando percebem que o trabalho pelo qual tanto lutaram não corresponde àquilo que haviam idealizado. Então, para atingir a satisfação, a remuneração e a notoriedade com a qual sonharam, percebem que devem se dedicar mais, se esforçar mais, se empenhar mais. E isso pode desencadear a síndrome de uma forma fatídica e dilacerante. Estudos médicos apontaram igualmente que fatores genéticos podem desempenhar um elemento preponderante para desencadear a disfunção. Não obstante, é importante salientar que, na maioria dos indivíduos, a Síndrome de Burnout começa de forma muito suave e sutil, e são necessários vários anos de progressão gradual da doença para que ela se torne estafante, prejudicial e corrosiva. Infelizmente, em função de ser especialmente difícil detectá-la durante o estágio inicial, prevenir a sua evolução é quase impossível. A síndrome torna-se extremamente perceptível apenas quando passou a dominar todos os aspectos da vida do indivíduo afetado, deixando-o profundamente depressivo e angustiado, e completamente envolvido em uma vida profissional que, ao invés de deixá-lo contente e realizado, o consome de uma forma intensamente desgastante e fatídica.
Por essa razão, é extremamente importante que estejamos todos plenamente cientes desta terrível disfunção, e de como ela prejudica drasticamente a vida de um indivíduo afetado. Assim, estaremos aptos a detectar pessoas em nosso círculo pessoal ou profissional que manifestarem tais sintomas, e podemos, então, nos dispor a ajudar. A vida profissional tem seus desafios, é verdade. Mas acima de tudo, nosso trabalho deve ser fonte de realização e contentamento, e não de desgraça, ansiedades, angústia, aflição e complicações para a saúde física e mental. Conscientizar-se sobre a Síndrome de Burnout – também conhecida como a Síndrome do Esgotamento Profissional – pode beneficiar todos os colaboradores em nosso local de trabalho, deixando-os devidamente alertas e prevenidos com relação ao problema.