A Pixar vem se destacando como uma empresa que sabe contar histórias incríveis. Aqui está o que eles podem nos ensinar sobre isso
O que a palavra inovação significa para você?
Muitas vezes pensamos nela como uma espécie de coisa mágica que nos atinge de forma aleatória e simplesmente nos “entrega” uma ideia brilhante. Mas não é só isso.
Em seu recente livro Creativity, Inc., o co-fundador da Pixar Ed Catmull (com Steve Jobs e John Lasseter), descreve como o lendário estúdio de animação tem o hábito de ser inovador.
De muitas formas, Ed desbloqueia o processo criativo e, é algo que todos nós podemos usar para fazer trabalhar melhor, inclusive em nosso marketing de conteúdo.
Como funciona a inspiração
Quando você olha para algo grande, como o iPhone ou o primeiro filme da Pixar, o Toy Story, se sente como se fosse o resultado de algum tipo de inspiração divina, algum tipo de magia, mas não foi.
Como Catmull descreve em seu livro, a criatividade não é sobre uma ideia ou uma súbita explosão de informações.
É um processo e, muitas vezes uma bagunça. Há 3 grandes tópicos deste livro que podemos usar para desbloquear a criatividade e a inspiração em nosso próprio processo de criação de conteúdo.
#1. Criatividade é uma habilidade aprendida
Em seu livro, Drawing on the Right Side of the Brain, a professora de arte e escritora Betty Edwards delineou a teoria criativa que tem dominado a arte-educação nos últimos 30 anos.
Seu método baseia-se na noção de que o cérebro tem 2 formas de perceber e processar a realidade – uma verbal e analítica e, outra visual e perceptiva.
Este método é frequentemente descrito como o lado esquerdo do cérebro (analítico) e o lado direito do cérebro (criativo).
Usando esta teoria como base, Catmull observa um erro de desenho comum feito por crianças (ou adultos) não treinados que estão aprendendo arte.
Estes artistas, muitas vezes, exageram certos aspectos da figura humana e, não enfatizam outras.
Frequentemente, isso irá resultar em rostos humanos com olhos maiores que os normais e menores do que as testas normais. Podemos ver esse fenômeno claramente em crianças pequenas que muitas vezes esquecem completamente o tronco humano.
Como Catmull e Edwards concordam, este é o cérebro analítico em trabalho.
Esses artistas estão desenhando o que sabem de melhor sobre a figura humana (uma abordagem analítica), como os olhos (uma característica extremamente importante do rosto humano) e extremidades, como braços e pernas. Até que alguém aprenda a abraçar seu lado visual e perceptivo, eles tendem a exagerar a informação como estas em seu cérebro analítico.
Como Edwards delineou em seu livro referência, instrutores de desenho muitas vezes, ajudam novos artistas a quebrar essa tendência, chamando isso de “o que não está lá”, ou aprendendo a ver o espaço negativo.
Em vez de desenhar uma cadeira, os alunos aprendem a desenhar “em volta” da cadeira, aprendendo, assim, a ver a realidade de uma maneira nova.
Outra forma que essa ideia se manifesta é na teoria das cores.
Normalmente, quando olhamos para um objeto azul, vemos o azul, e, assim, desenhamos o objeto inteiro como azul.
Na realidade, porém, esse objeto não é um azul sólido. Enquanto a maior parte do objeto pode ser azul, há partes que podem ser mais escuras do que outras por causa das sombras e destaques.
Além disso, o objeto pode realmente ser composto de muitas manchas roxas, cor de rosa, e amarelos que simplesmente os fazem parecer azul.
Isso é algo que os animadores da Pixar se tornaram extremamente hábeis em ver e, é a grande razão pela qual eles criaram alguns dos mais conhecidos filmes de animação de todos os tempos.
Eles aprenderam a ver as coisas de forma diferente e, isso os levou a grandes níveis de inovação.
A criatividade é uma habilidade aprendida. A inovação acontece quando aprendemos a (literalmente) ver as coisas de forma diferente.
#2. Criatividade é um processo
Catmull sabe reconhecer que no início, os filmes da Pixar não eram todos mágicos. Na verdade, alguns deles são francamente terríveis.
Em seu livro, Catmull descreve as primeiras ideias por trás do filme UP de 2009 e, pinta um quadro sobre a qualidade da precoce história.
Este ponto de vista geralmente é o oposto do que esperamos. Quando assistimos a um filme da Pixar, vemos um grande filme com uma grande história. É fácil rotulá-la como “inovadora” e “criativa” sem antes perceber o processo detalhado em fazer algo que não começou tão grande em algo verdadeiramente grande.
Nós vemos o resultado, mas nunca vemos o início, ou os 3 anos que se levou para fazer um filme.
De acordo com Catmull, não é incomum os filmes da Pixar começarem terrível e, permanecem terríveis, durante anos, antes de finalmente encontrarem sua verdadeira identidade.
O iPhone é um outro grande exemplo disso.
Quando consideramos o iPhone, nós não costumamos pensar sobre as muitas centenas de versões que vieram antes da que usamos hoje.
Imagine as terríveis versões que vieram antes. As versões que a Apple nunca nos mostrou.
A inovação é um processo e, não algo que nos acorda à noite, em um momento de inspiração. Remover este equívoco de nossa mente pode realmente levar à um longo caminho para entender a verdadeira criatividade.
Isso significa que, para que possamos fazer o nosso conteúdo e nosso trabalho mais criativo, precisamos continuamente “criar a nossa pior e mais recente versão”.
A cada interação, nosso conteúdo deve estar lentamente melhorando. A verdade é que ele nunca vai ser o nosso melhor. Será simplesmente “a nossa versão pior e mais recente”.
No caso da Pixar, o que vemos nas bilheterias só pode ter vindo depois de milhares e milhares de versões anteriores piores. O que vemos é simplesmente o mais recente. Acontece que, geralmente, é algo espetacular.
#3. Criatividade é um compromisso
Uma das histórias mais legais do livro de Catmull é sobre o filme Ratatouille.
Este filme pedia a equipe de animação entender várias coisas que não estavam familiarizadas, como a cozinha francesa, a preparação de comida e, claro, esgotos franceses.
Como Catmull diz, o líder criativo da empresa, John Lasseter colocou muitas pessoas da equipe de animação em um avião e, os enviou para a França para experimentar tudo isso.
Até mesmo os esgotos.
Há uma atenção comum a detalhes como esses em empresas verdadeiramente inovadoras, como a Pixar.
Catmull refere-se a este fenômeno como o que os produtores da Pixar chamam de “o centavo lindamente sombreado”.
Isso simplesmente se refere ao fato de que os artistas que trabalham em filmes da Pixar, com frequência se importam tanto com todos os detalhes que às vezes vão passar dias ou semanas elaborando o que os produtores chamam de “o equivalente a uma moeda de um centavo em um criado-mudo que você nunca vai ver.”
Em cada empreendimento criativo, como blogs, há sempre um problema comum que foge e se disfarça como criatividade. Resumindo, tudo parece o mesmo e criatividade está perdida.
No marketing de conteúdo, à medida que cresce em popularidade, há uma forte tendência de se mover em direção a este problema “comum”.
Temos que trabalhar duro para nos destacar da voz comum e permanecer “inovadores” no que fazemos.
Você deve olhar mais detalhadamente e exigir mais para realmente descobrir a criatividade.
Leve essas lições adiante
A Pixar é uma grande empresa. Eles são inovadores, eles são criativos e eles têm uma história surpreendentemente longa de como manter a sua liderança criativa na indústria. Como isso acontece?
A simples verdade é que a Pixar compreende a criatividade e, construiu uma empresa (e um processo) que não sufoca as oportunidades que a verdadeira inovação requer.
Em nosso próprio trabalho e, em nosso próprio conteúdo, podemos facilmente sufocar o nosso próprio processo criativo por cair na mentalidade “comum” e faltar com essas lições simples que a Pixar fez tão claras ao longo dos anos.
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Este artigo foi adaptado do original, “How Pixar`s Creative Process Will Help You Produce More Innovative Contet”, do CoSchedule Blog.