O site 100pepinos descomplicou o conteúdo técnico e usa uma linguagem bem humorada para falar sobre reforma e construção. Proposta de aumentar qualidade das moradias é baseada no empoderamento do consumidor
Como encarar uma reforma sem entender nada de obra? Esse é o grande medo de mais de 13 milhões de famílias que decidiram no ano passado fazer uma reforma em casa, mesmo sem entender nada do assunto.
Apesar de existir um mar de informações sobre obra por aí, elas não são feitas pra ajudar a gerenciar uma obra: a maioria fala sobre gosto e tendências ou está na linha do “do it yourself”.
A questão é que a maior parte das pessoas que reformam não põe a mão na massa – elas contratam pedreiro, pintor e os outros profissionais de obra – e gosto nem sempre quer dizer qualidade. Esse projeto se propõe a tirar a assimetria de informação.
100pepinos surgiu nesse contexto
Há um mercado que movimenta anualmente cerca de 55 bilhões de reais, mas que está sob autogestão.
Isso significa correr o risco de não ter um projeto seguro e de ter uma obra mal executada e com muito desperdício. O sonho de uma casa mais bonita e aconchegante pode se transformar no pesadelo de ter que abandonar a obra porque planejou mal e o dinheiro acabou ou, de ver que aquele piso lindo virou uma pista de patinação.
Os criadores da plataforma ouviram muitas pessoas, de diversos segmentos e realidades, mas a questão era uma só: todo mundo quer reformar a casa e hoje as pessoas tem dinheiro pra isso, ou conseguem crédito pra fazer, mas todas tem medo da reforma.
Partimos do olhar do consumidor de reforma: morrem de medo de encarar uma reforma e acham que tudo pode dar errado, mas sonham com a mesma intensidade em ter a casa melhor, mais bonita, maior, mais organizada.
Percebemos que esse medo de reforma vem do baixo conhecimento: parece um assunto difícil de entender, é chato e sinônimo de problema e de dor de cabeça, relata Kátia Sartorelli, arquiteta e uma das sócias da plataforma.
Os empreendedores também foram conversar com diversos stakeholders para ter uma visão mais ampla do cenário.
Não dava pra ser mais do mesmo. Não podia ser um conjunto de informações sem graça e numa linguagem tão técnica que ninguém entende. Então, escolhemos descomplicar o que parece complexo e quebrar essa resistência com muito bom humor, explica Fabiana Dias, jornalista que também é empreendedora da plataforma.
Essa ideia se refletiu no nome, bem descontraído.
Por que se chama 100pepinos?
Pepino é um jeito bem-humorado e culturalmente comum de falar de problemas. E nós falamos de problemas. 100 ou sem representa a dicotomia na construção de sentido a que queremos chegar.
A leitura de 100 pode ser interpretada com muitos problemas ou ausência de problemas. A pessoa escolhe.
Para atender esse segmento de clientes, 100pepinos combina conteúdos educacionais com serviços de atendimento às famílias que reformam, explica Dmitry Bayakhchev, também sócio do negócio, da área de inovação e marketing.
A plataforma tem conteúdos sobre gestão da obra, apoio para as tomadas de decisão e referências de qualidade. Serão oferecidos serviços de consultoria de planejamento e acompanhamento de obra, auditoria de obras prontas e resolução de pepinos.
Habitação é um tema que merece um olhar mais apurado dos empreendedores porque há muita oportunidade. Há outros negócios surgindo pra atender esse novo mercado, que desponta na base da pirâmide e na nova classe média, como o Programa Vivenda e o Bairro Chic.
Com foco em promover sustentabilidade, Matéria Brasil, Fluxus Design Ecológico e Tecverde tem oferecido soluções em materiais e técnicas construtivas inovadoras.
Algumas aceleradoras de negócios e programas de orientação a empreendedores também tem se interessado em fomentar negócios para habitação, como é o caso da Social Good Brasil e da Artemísia, que consideram que esse é um tema prioritário.
Os empreendedores de 100pepinos consideram que há muitas possibilidades de sinergia de negócios entre os players do setor.
Segundo eles, que criaram a plataforma a partir da experiência do consumidor, é possível promover um impacto efetivo na qualidade das moradias combinando os focos de atuação.
Todo mundo fala de qualificação de mão de obra, mas conhecer minimamente e entender o que é qualidade ajuda a ter uma obra tranquila.