Projeto Escola de Bambu quer ajudar a reerguer um país tomado pela guerra civil
Meu nome é Vinícius Zanotti, sou um jornalista de 27 anos, e escrevo para apresentar o projeto Escola de Bambu. No ano de 2010 tive a oportunidade de viajar para a Libéria, país extremamente pobre situado ao oeste do continente africano, logo abaixo de Serra Leoa.
A Libéria tem uma história triste, devastada que foi por uma guerra civil que durou 14 anos e só se encerrou em 2003. A maior parte dos soldados eram crianças cooptadas pela guerrilha e estimuladas a combater.
Neste país em que não existe rede pública de energia elétrica, saneamento básico, semáforos em funcionamento, asfaltamento em ruas, transporte público e tantos outros benefícios existentes no lado ocidental do mundo, encontrei uma das pessoas mais incríveis que já tive a oportunidade de conhecer: Sabato Neufville.
Sabato, 34 anos, solteiro, adotou 9 crianças órfãs de guerra e é o principal organizador do “United Youth Movement Against Violence”, cuja finalidade é educar adolescentes liberianos e evitar que virem estatística nos elevados índices de violência infantil que ainda atormentam o país. Seu salário é de U$ 800 mensais para trabalhar como prestador de serviços na missão que a ONU mantém na Libéria. Com este dinheiro, além de alimentar e estudar os 9 filhos adotados, financia atividades de teatro, dança e música em dois diferentes bairros. Se não bastasse, ainda construiu uma escola para que 300 crianças da periferia de Monróvia, a capital, pudessem ser educadas na comunidade de Fendell.
O salário que ele consegue repassar aos professores são irrisórios U$ 20, quando o mínimo na Libéria é de U$ 70 mensais. Mesmo assim, os professores da unidade construída com bambus enfileirados não pensam em procurar outro trabalho.
Eles sabem que, se abandonarem a comunidade de Fendell, dificilmente aquelas crianças terão outra oportunidade para estudar. A falta de estudo, para aqueles professores, transformará os jovens em presas fáceis de serem cooptadas e levadas ao campo de batalha num eventual novo conflito.
Diante desta situação, decidi gravar o documentário “Escola de Bambu”. Trouxe o material para o Brasil e retomei contatos profissionais para que pudéssemos finalizá-lo. Depois de concluído o vídeo, decidimos nos organizar para construir uma escola com as condições básicas para um ensino adequado.
Meu amigo e arquiteto André Dal’Bó fez o projeto deste novo espaço, prevendo saneamento básico, cisternas, blocos adobe, e bambus, porém utilizados como elemento estrutural, e não para vedação como na atual escola.
Para solucionar o problema energético, contamos com o projeto desenvolvido pelo também amigo e bioconstrutor Peetssa: um gerador de energia fabricado com ímãs de HDs quebrados e rodas de bicicleta. Uma solução barata, de energia totalmente limpa e renovável.
Em ambos os casos, a tecnologia será repassada para os liberianos como forma de cooperação de conhecimento.
Os dados da Libéria são extremamente alarmantes! Estamos falando do país que ocupa a 6ª posição, de baixo para cima, no Índice de Desenvolvimento Humano.
É também a nação com menor índice de acessos à Internet do mundo: apenas 2800 pessoas conectadas em um universo de pouco mais de 4 milhões.
Como proposta para melhorar estes índices, o projeto Escola de Bambu prevê a construção de uma sala de informática com pelo menos 40 computadores; desta forma, as 300 crianças que lá estudam vão estar inseridas no mundo digital.
Esta nova sala também vai estar apta a atender aos alunos da Universidade da Libéria, que fica a apenas 1 quilômetro do atual terreno.
Estamos em fase de captação de recursos, enquanto buscamos parcerias com empresas ou instituições que se disponham a patrocinar o projeto, cujo valor total é estimado em R$ 250.000,00.
Para isso, vendemos o documentário em DVD, camisetas e canetas com o logotipo que criamos para a campanha visando financiar o projeto.
Nosso grupo, que reúne mais de 33 profissionais brasileiros, todos atuando como voluntários, tenta levar um pouco de esperança e desenvolvimento ao povo acolhedor, sorridente e pacífico da comunidade de Fendell.
É o mínimo que a vida e que aquelas crianças podem esperar de nós. Seja um bambuzeiro você também e colabore com a construção desta nova escola!
Se você gostou do projeto e quer ajudar acesse o site do projeto e faça a sua parte.